Nesta era dos expressos, o velho cafezinho de coador volta a perfumar a cozinha. Além do gostoso ritual de ‘passar’ a bebida e dos bons cafés agora à disposição, o café fica mais do seu jeito. Escolha um coador e reúna os amigos
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Por danielmarques19/01/2016 | 23h46
Colaborou Heloisa Lupinacci
Café coado é ao gosto do freguês. Os coadores dão à bebida características próprias e estão voltando à moda entre os gourmets. Aos poucos, pelo mundo, esse café que toma uns minutos para ser passado, é menos encorpado e não tem espuma, começa a recuperar o espaço perdido para o expresso nos últimos anos.
O Paladar testou o mesmo café em aparelhos diferentes. Coamos em filtro de papel, náilon e flanela para desvendar a influência de cada um deles na bebida. Sem termômetros e balanças – de científico só as reações químicas da água em contato com o pó para liberar os aromas guardados no grão e os movimentos da mistura no coador para otimizar a extração.
É café feito no olho, medido a colheradas, com água mais ou menos na medida (uma colher de sopa de pó para 150 ml de água) e em maior quantidade que uma xícara, porque este é um método que permite compartilhar. “Uma xícara de expresso nunca é exatamente igual a outra”, diz Ensei Neto, consultor de café. Aquilo que cai no bule é.
Café bom, quem diz é a língua, e ele pode ficar melhor conforme a preferência de cada um. “Pela escolha do método, é possível intensificar a percepção do amargor ou privilegiar a acidez, deixando-a agradável com a sensação do adocicado”, diz Ensei. Os cinco métodos ao lado estão em escala de amargor. Do bule vermelho, mais amargo, ao verde, mais adocicado.
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Em geral, os brasileiros gostam do trava-língua forte do cafezinho – feito com o pó na água, cheio de compostos clorogênicos (tipo o gosto de jilós) e de cafeína, bem adoçado.
A preferência nacional pelos sabores fortes costuma ser apontada entre os motivos para o crescimento do expresso. Mas isso está em mudança: desde que bons cafés deixaram de ser apenas produzidos para exportação, os brasileiros passaram a apreciar melhor o café e, paradoxalmente, os métodos que concentram sabores (como o expresso) não são os melhores para perceber as qualidades da bebida. É como se as partículas brigassem para chegar ao nariz e à língua. No café coado, não há tanto congestionamento e as partículas ficam mais ágeis para o seu prazer.
ANTES DE PÔR O PÓ NO COADOR
Escaldar. É preciso jogar água quente no filtro – seja ele de pano ou de papel – e no recipiente em que o café coado vai cair antes de colocar o pó no circuito.
Água. O ideal é usar água mineral, mas na prática, no dia a dia, pode-se usar água filtrada. Use uma água que você beberia. Ou seja, se não toma água da torneira, não faça café com ela.
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Temperatura. Não deixe a água ferver. Mas se ela ferver, não precisa jogar fora. É só esperar esfriar um pouco.
Invista no café. Não adianta fazer tudo direitinho e usar café ruim. Compre um bom café já moído (em cafés, empórios e alguns supermercados) ou um moedor (a partir de R$ 50) e moa o grão em casa. Se usar café em pó convencional, reduza a quantidade indicada.
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Fontes: Flavia Pogliani, do Martins Café, e Ensei Neto.