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Bamberg, a alemã do interior paulista

O nome é o mesmo da cidade cervejeira que fica na Baviera

No interior de São Paulo, em Votorantim, fica a cervejaria Bamberg, que tem o nome da cidade cervejeira que fica na Baviera. Dos tanques da Bamberg saem 60 mil litros mensais de cervejas de estilo alemão. E foi por pouco, por muito pouco, que essa frase pôde ser escrita aqui.

Alexandre Bazzo, dono da Bamberg, fez uma aposta com o amigo cervejeiro argentino Daniel Llinas. Se a Argentina ganhasse a Copa, Bazzo ia ter de fazer uma IPA – estilo inglês que virou símbolo da nova escola norte-americana. Se o Brasil ganhasse, Llinas faria uma rauchbier, estilo típico alemão de cerveja defumada. Como nenhum dos dois ganhou, eles vão fazer um churrasco. Carvão no fogo, IPA cancelada, a Bamberg continua seguindo seu conceito de fazer cerveja alemã.

 Foto: Estadão

Ein prosit. Alexandre Bazzo, especialista na escola alemã. FOTO: Claus Lehmann/Divulgação

E isso não quer dizer que ela fique restrita a reproduzir receitas clássicas, como as excelentes pilsner, alt, rauch, weizen e helles – sem falar na doppelbock Bambergerator, sazonal de inverno que começa a ser vendida na semana que vem.

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Bazzo experimenta, mistura uma coisa com outra e lança receitas novas, como a Franconian Rhapsody, combinação de helles com rauchbier, a Die Hard, uma pilsen com generosa quantidade de lúpulos americanos, ou a Thunderstruck, uma “doppelkölsch”.

Mas, se não inventasse nada, se ficasse quieto reproduzindo a tradição, ele já teria um mérito considerável: desde 2005, a Bamberg produz cervejas alemãs impecáveis – e assim faz as vezes de cervejaria-professora, dando, a cada garrafa, uma pequena aula sobre os estilos dessa importante escola.

Falando em aula, Bazzo bem que poderia ser professor – de cursinho, daqueles que ensinam e divertem ao mesmo tempo. No começo do ano ele esteve entre os cinco finalistas da primeira edição do campeonato brasileiro de sommeliers de cerveja organizado pelo Instituto Brasileiro da Cerveja. Ficou em quarto lugar, mas sua apresentação foi memorável. Um a um, os candidatos que chegaram à final responderam a perguntas técnicas primeiro e depois fizeram uma prova de serviço à mesa, que incluía atender uma mesa de restaurante de mentirinha (na qual eu participei como cliente).

Todos os candidatos eram claramente entendidos do assunto e se saíram muito bem, mas quando Alexandre Bazzo entrou rolou aquele efeito Podolski – ele ganhou a simpatia de todo mundo (um detalhe: vestia roupas emprestadas, porque só havia levado seu lederhosen, aquela calça de couro com suspensórios, meio jardineira, típica da Baviera, e a prova exigia traje social).

Com forte sotaque do interior, com erres bem à moda “porta verde”, ele fez todos caírem na risada ao contar a origem do estilo bock – incluindo uma anedota que compara a cerveja, mais forte, a um coice de bode e que seria uma das explicações para o nome. E, ao atender a mesa de mentirinha e perceber que estava usando termos técnicos demais nas sugestões de harmonização, interrompeu-se com uma pergunta retórica: “Mas o que quer dizer esse monte de termo técnico?”. Para então voltar à explicação, agora em versão mais acessível.

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E essa pausa seguida de pergunta retórica é a cara das cervejas da Bamberg. Elas são tecnicamente afiadas e muito, mas muito, fáceis de beber.

 Foto: Estadão

Bamberg HellesPreço: R$ 7,80 (355 ml) Helles quer dizer brilhante. Criada no séc. 19, é a resposta alemã à pilsen checa. Dourada, tem aroma discreto. Na boca, é fresca e pede petisco. Vai bem com o dia a dia e com salaminho.

 Foto: Estadão

Bamberg AltPreço: R$ 7,80 (355 ml) Típica de Dusseldorf, é uma das poucas ales da escola alemã. Vermelha, ela é direto ao ponto: tem amargor destacado, é bem seca e tem límpidas notas de malte. Combina com bistequinha.

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 Foto: Estadão

Bamberg RauchbierPreço: R$ 7,80 (355 ml) Símbolo de Bamberg, leva malte defumado. E é ele que predomina. No nariz, ele leva a memória para a banca de pertences de feijoada. Na boca, tudo funciona para evidenciá-lo. Vai bem com qualquer coisa defumada.

 Foto: Estadão

Bamberg MünchenPreço: R$ 7,80 (355 ml) Cerveja escura tradicional de Munique, tem uma cor bonita de chá mate. O nariz insinua algo doce. E na boca ela tem um leve caramelo. Vai bem com costelinha de porco bem tostada.

SERVIÇO Nas lojas Bamberg Express (uma delas fica na Rua Caiowaá, 573, em Perdizes) estão à venda garrafas e barris.

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