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Bebida

Café brasileiro do pequeno produtor é centro das atenções em festival de São Paulo

Produtores comemoram novo momento do mercado, em que consumidores buscam cafés especiais e se aproximam das pequenas marcas no País

Em feira realizada em São Paulo, pequenos produtores se tornam centro das atenções -- e dos paladares. Foto: Agência Ophelia / São Paulo Coffee FestivalFoto: Agência Ophelia / São Paulo Coffee Festival
Em feira realizada em São Paulo, pequenos produtores se tornam centro das atenções -- e dos paladares Foto: Agência Ophelia / São Paulo Coffee Festival

Ao entrar na São Paulo Coffee Festival, realizada até domingo, 26, na Fundação Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, duas coisas chamam a atenção: o cheiro do café no ar e o amontoado de pessoas em pequenas barraquinhas espalhadas no local. Ainda que as maiores marcas presentes no País tomem um espaço consideravelmente maior e mais estratégico, eram nesses pequenos produtores que as atenções do público e o desejo de tomar um café fresquinho se concentravam. 

No entanto, essa curiosidade pelos pequenos produtores vai além de ser uma "coisa de momento". É, segundo as próprias marcas, algo crescente nos últimos anos. Afinal, o consumidor aprendeu que café bom não é café amargo. Pelo contrário: é preciso sentir as notas de aroma e sabor, indo além do queimado da torra do grão.

Nesses pequenos estandes, há de tudo. Desde empresas que buscam cafés especiais para fazer uma torra de qualidade até os produtores que oferecem um produto orgânico. Isso sem falar dos que tomam conta da cadeia, indo do agricultor que põe a mão na terra até o barista colocando o café numa xícara de porcelana. É o caso da Santa Maria. A marca nasceu há oito anos, quando Cristiano Florezi decidiu expandir os negócios da fazenda da família para o plantio, torra e distribuição do café. 

Visão geral daSão Paulo Coffee Festival nesta sexta-feira, 24 Foto: Agência Ophelia / São Paulo Coffee Festival

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"Temos estrutura completa, desde a plantação, passando pelo envase e até chegar na cafeteria que a gente acabou de montar", conta Florezi, dono da marca do Espírito Santo. "O mercado está em uma expansão muito boa. Agora estamos buscando novos públicos, desde aquele que quer um café mais convencional, passando pela cápsula e até o que só toma café especial. Independente da qualidade do café, a pessoa que consegue parar e coar no dia a dia tem ali uma experiência única".

Saindo do Espírito Santo e chegando em Minas Gerais, na Mantiqueira, está a Moreira & Alckmin, outra marca de café que existe na família há cinco gerações. Por lá, Carolina Alckmin e família comandam um negócio que passa pela produção de cafés especiais, exporta o grão, realiza visitas turísticas na fazenda e, ainda, faz comercialização da própria marca, sob o selo Bella Vista Premium Coffee. "Estamos trabalhando, nos últimos anos, para levar o café para fora do País", diz Carolina.

Hoje, uma das principais bandeiras da marca é levar esse café especial cada vez mais longe. Em uma rápida degustação de Paladar, deu para sentir a diferença com um café mais suave e de tons que puxam para o cacau. "O Brasil é o maior produtor de café do mundo e muitos de nós não tivemos a oportunidade de experimentar diferentes perfis de café", conta Carolina Alckmin. "Eu trabalho buscando essa educação do consumidor, para que entendam mais os benefícios do café tipo especial".

Entre a torra e o café orgânico

Andando pela feira, foi possível notar o mercado brasileiro buscando cada vez mais espaço dentro do leque de possibilidades do café. A Kento Café, por exemplo, é uma empresa que, antes, produzia seu próprio grão. No entanto, decidiram fazer diferente: começaram a estreitar laços com os melhores pequenos produtores de café do País e a fazer a torra e distribuição desse café especial. Até a cor é diferente: além do amargor bem distante, a bebida é mais clara, lembrando uma espécie de chá.

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Produtor brasileiro de café começa a buscar cada vez mais possibilidades, inclusive a bebida orgânica Foto: Agência Ophelia / São Paulo Coffee Festival

"Nós nos aproximamos dos produtores e conseguimos sempre pegar o melhor que ele tem a oferecer", conta Leonardo Kuwahata, um dos responsáveis pela marca e que também é degustador profissional de café. "Grandes marcas, por exemplo, precisam de grandes quantidades desse café especial. Nós não. Por isso conseguimos selecionar o que há de melhor em uma fazenda, mesmo que em pequenas quantidades. O desafio é crescer e manter esse aroma e sabor do café, sempre de qualidade".

Já a baiana Bello Grão, comandada por Luana de Oliveira e fundada em 2019, segue com outra proposta: um café orgânico, buscando um público que busca cada vez mais bebidas saudáveis. "Estou sentindo que o boom do mercado está vindo agora", diz Luana ao Paladar. "As pessoas estão procurando cada vez mais o café de qualidade. Vendo o gourmet também, que tem agrotóxico nas folhagens, mas não vende tanto quanto o orgânico. As pessoas querem mais saúde na xícara de café".

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