Café não é só terroir. Café quem faz é o produtor
Veja quais os cafés você deve provar para conhecer a produção brasileira
Por Paula Moura
Pausa para o café. Mas não qualquer cafezinho. Durante aula O Mapa do Café no Brasil, no 9º Paladar Cozinha do Brasil, a especialista Isabela Raposeiras (leia entrevista abaixo) apresentou cinco tipos de café de diferentes regiões do País, que se destacam pelo cuidado dos produtores com a lavoura e na forma como aproveitam o terroir de sua microrregião. “Eu não acredito em regionalismo de café, é muito mais o manejo de cada produtor do que a região. Como ele seca, produz, escolhe a variedade, isso que influencia”, disse Isabela. “Eles conseguem retirar o melhor de seus terroirs, enquanto um vizinho produz um café horroroso, por exemplo”.
FOTOS: Daniel Teixeira/Estadão
O resultado comprovado durante a degustação são grãos que atingem todos os parâmetros de qualidade, como acidez equilibrada, complexidade sensorial, corpo, não são amargos e não têm defeitos.
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Veja a lista dos cafés apresentados por Isabela Raposeiras:
Bourbon Vermelho
Produtor: Tomio Fukuda
Patos de Minas (MG)
Café da Sombra (blend)
Produtor: Felipe Croce
Mococa (SP)
Catuaí Vermelho
Produtor: Joselino Meneghetti
Brejetuba (ES)
Catuaí Amarelo
Produtor: Luiz Vilella
Jesuânia (MG)
Sol Amarelo (blend)
Produtor: Leonardo Bittner
Piatã (BA)
ENTREVISTA
Antes de iniciar a degustação dos cafés especiais, Isabela Raposeiras conversou com a equipe do Paladar. Confira alguns trechos do bate-papo:
Acabamos de ver que as pessoas vêm pedir desculpas para você por tomarem um café que não é o seu ou colocarem açúcar ou adoçante no café. O que acha disso?
Isso é triste, pois as pessoas acham que vou criticar o que elas bebem, enquanto na verdade cada um tem o direito de tomar seu café do jeito quiser. É a mesma coisa de você imaginar que os chefs só comem coisas sensacionais, acender um cigarro do lado de um médico e pedir desculpa porque tá fumando.
O que acha dessa tendência de se prender à técnica e especificidades?
Acho que é uma tendência pendular, necessária talvez para construir uma cultura. Depois acho que a gente vai para um lugar mais confortável. Para achar o caminho do meio, a gente precisa ir para um extremo e outro. É um movimento natural de uma cultura que se implanta. É chato e quem fica muito nisso acaba não aproveitando direito, fica tão ligado à questão rigorosa, fica muito rígido.
Recentemente você foi surpreendida por algum café novo, trouxe para a degustação?
Trouxe um café da Bahia que gostei muito e provei na semana passada. Estava procurando um café dessa região, de Piatã.
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