Por Nana Tucci
Os chefs Felipe Ribenboim e Gabriel Broide, do Dois Cozinha Contemporânea, fizeram 400 furos em um grande bloco de gelo e neles espetaram pipetas com cajuína – o público do Paladar – Cozinha do Brasil levantava, agarrava uma pipeta e provava – de um jeito peculiar – essa bebida típica do Piauí.
A cajuína, bebida à base de polpa do caju, água e açúcar, nada mais é do que um suco de caju clarificado e cozido. Foi escolhida como subtema da aula de “Cozinha de vanguarda” para mostrar à plateia como é possível brincar com uma receita clássica sem descaracterizá-la. “No Piauí eles colocam gelatina, a gente prefere não usar”, explica a dupla.
Eles também mudaram o papel da cajuína na refeição – em vez de uma bebida para acompanhar o prato, no Dois funcionam como um adstringente para “limpar a boca” antes do próximo prato chegar.
Ribenboim e Broide aplicaram a técnica a outras frutas, como cambuci, açaí, graviola, cupuaçu e siriguela. Sempre pensando em proporcionar aos comensais novas sensações gustativas e estéticas à mesa – como manda a cozinha contemporânea -, mas sem esquecer do principal: o sabor. “A gente nunca vai por no cardápio um prato só pelo conceito. Comida a gente tem que gostar, tem que agradar, tem que querer repetir, não adianta ter um conceito e não ser gostoso. No final das contas, o que vai falar se estava bom é a nossa boca”, sintetiza Broide.
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