Se hoje o diferencial é a venda online, no final da década de 1990, começo dos anos 2000, o caminho era ter uma importadora de vinhos. O mercado brasileiro havia acabado de ser aberto para os importados e vários bons produtores tinham interesse em vender para os brasileiros. O câmbio, ainda, favorecia a importação. Foi nesse cenário que nasceu a World Wine, hoje uma das grandes importadoras de vinho no Brasil.
A empresa foi fundada por Celso La Pastina, empresário que faleceu na semana passada, vítima do novo coronavírus. Uma homenagem ao Celso, a primeira (e desejo que a única) personalidade do mundo do vinho a morrer em decorrência desse vírus, é contar algumas histórias dos rótulos que ele garimpou, tanto na jovem World Wine como na tradicional La Pastina, que foi fundada por seu pai na década de 1940.
Começo com o Bicicleta, linha de vinhos chilenos da Cono Sur, que resume aquela definição de bom e barato. Brancos e tintos básicos, para beber sem compromisso. Eu gostava muito do Bicicleta Riesling, que não está no catálogo, mas há vários varietais, do Chardonnay ao Syrah (R$ 59, na La Pastina). A linha Adobe, da também chilena Emiliana, é a porta de entrada para os vinhos orgânicos e tem consultoria do expert Álvaro Espinoza. Comece pelo Cabernet Sauvignon, com boa tipicidade (R$ 79, na La Pastina).
Passeando pelo portfólio da World Wine, a uruguaia Garzón é a marca mais vendida entre todas as vinícolas do catálogo. Vale começar pelo rosé, elaborado com a pinot noir (R$ 118), sempre fresco e frutado. Um dos destaques dessa vinícola são os brancos elaborados com a albariño, em diversos estilos e faixas de preço, do mais simples ao Single Vineyard (R$ 337). O Pais Viejo, da chilena Bouchon, mostra o potencial de uma variedade menos nobre (a uva país) em vinhedos antigos do Maule (R$ 94,40). Vale também os diversos malbecs da argentina Alto Las Hormigas, que mostram o rico estudo de terroir de seus enólogos (R$ 422 o Malbec Appellation Paraje Altamira). Mas se quiser conhecer o malbec mais simples da vinícola, o Clássico sai por R$ 129.
Da Europa, a relação começa com a Herdade do Rocim, do casal Catarina Vieira e Pedro Ribeiro. Uma dica é provar o tinto elaborado em ânforas (R$ 322), uma das tendências dos vinhos do Alentejo. Ou, se quiser se presentear com um tinto que envelhece em talhas de barro, escolha o Clay Aged (R$ 600).
E há três clássicos, que eu destaco do catálogo com mais de 2000 vinhos da World Wine. Do Piemonte, o Bruno Rocca Barbaresco Rabajà, um belo exemplo da elegância da uva nebbiolo (R$ 622).
Os outros dois são vinhos franceses e estão no portfólio da importadora desde o ano 2001, quando Celso foi pioneiro na aposta de trazer rótulos naturais, orgânicos e biodinâmicos. No início, ele trazia sem fazer alarde para a tendência de elaborar vinhos sem agrotóxicos e demais produtos sintéticos. O primeiro são os rótulos de Philippe Pacalet, que elabora em uma adega cavada na rocha na Borgonha (custa a partir de R$ 1.142, o Pommard). O segundo é o Château Le Puy, um símbolo dos vinhedos biodinâmicos na chuvosa Bordeaux, elaborado por Jean Pierre Amoreau. A cuvée Emilien é vendida por R$ 569.