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'Certamente os vinhos deste século são diferentes dos do passado'

Produtor italiano Angelo Gaja fala sobre a influência das mudanças climáticas nos vinhos

Angelo Gaja, produtor de alguns dos vinhos mais célebres da Itália revela preocupação com as mudanças climáticas e fala sobre as medidas que já adotou nos vinhedos para amenizar o problema e evitar danos aos vinhos.

  Foto: Daniela Souza|Estadão

Que medidas o senhor adotou nos vinhedos em função das mudanças climáticas?  Damos mais atenção ao solo hoje. Eliminamos o uso de químicos, adotamos técnicas para enriquecer as substâncias orgânicas do solo, aumentado sua vitalidade e melhorando a imunidade das vinhas. 

Como a viticultura da Itália tem sido atingida pelo clima? De modo geral, o período mais crítico para a vinicultura é a primavera, quando as plantas estão florescendo e as chuvas intensas e contínuas são alternadas por ondas de calor. Nessas circunstâncias, doenças causadas por fungos podem afetar a uva e a quantidade (não a qualidade) da safra. Mas a Itália tem uma viticultura montanhosa, então os riscos de geada são mais limitados que na França. Sem falar que o país tem enorme número de uvas autóctones, adaptáveis a diferentes condições de clima, colhidas antecipadamente conforme a tradição. Além disso, o clima mediterrâneo ameniza o calor nas regiões vinícolas italianas. 

O clima já alterou as características dos vinhos? Sim, os vinhos ganharam estrutura e maciez. O nível alcoólico subiu (o que não é sempre bom), e a acidez caiu – o que fez bem a Barbarescos e Barolos. Certamente os vinhos deste século são diferentes dos do passado. Melhores? Piores? É cedo para dizer, mas eu sou uma pessoa otimista. 

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