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Cervejaria nasce aos pés (e com os brotos) de bonsais

A paulista Heroica criou dois rótulos que levam brotos de bonsais centenários na receita

A história da cervejaria Heroica começou com uma permuta: o veterinário Renato Bocabello recebeu como pagamento por uma cirurgia da cadela de um cervejeiro um equipamento para fazer cerveja em casa. Esse equipamento virou presente para o cunhado de Renato, Lucas Domingues, que logo começou a fazer seus próprios rótulos.

Acontece que Renato, além de ser veterinário, é também um dos mais respeitados mestres bonsaístas do País e vive numa casa em Jundiaí, ao lado da casa de Lucas, onde mantém um jardim com as mini-árvores de estilo japonês. Entrou nesse ramo aos 16 anos, quando conheceu um mestre da arte, que acabou lhe deixando as árvores como herança. Hoje, seu jardim funciona também como escola de bonsai. Passei uma manhã por lá e beber cerveja olhando o jardim e a paisagem trouxe mesmo toda aquela paz oriental. Tive uma aula e aprendi quão trabalhosa esta arte é. 

Cuidar de um bonsai é como cuidar de um animal de estimação: requer cuidados diários e muito conhecimento, criando com ele uma relação. O ideal é que sempre a mesma pessoa, que conhece bem aquela planta, cuide do bonsai, que deve ser podado duas vezes por ano. E o que fazer com os brotos cortados?

Em Jundiaí, o resultado da poda de bonsais centenários vão para a panela virar cerveja Foto: Carolina Oda|Estadão

A inventividade constante do mundo cervejeiro deu a resposta e não demorou para que cerveja e bonsai de cunhados vizinhos fossem parar no mesmo panelão. Assim, nasceu a Heroica Kuromatsu Kamikaze. Kuro quer dizer preto, em japonês, e Matsu é pinheiro. Ou seja, os brotos do chamado pinheiro negro foram os "kamikazes" da receita.

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Tradicionalmente no Japão, cada vez que nasce um filho, planta-se um kuromatsu. Quando é uma filha, planta-se um akamatsu (aka, vermelho em japonês). São plantas bem valorizadas e cultivadas pois envelhecem muito bem. E, quando se fala de envelhecer em bonsai, são 100, 200, 300 anos!

Da panela, a partir da sociedade de Lucas com Fábio Walch, a Heroica virou oficialmente uma cervejaria cigana paulista e começou a ser comercializada. Hoje, estão com dois rótulos. Sempre acho legal quando nascem cervejarias com conceito, que pensam cerveja além do líquido, que promovem a interação com outras paixões e culturas. Kampai aos criativos! 

Cervejas Heroica, feitas com brotos de bonsais Foto: Divulgação

AS CERVEJAS

Heroica Kuromatsu Kamikaze Uma IPA que combina os aromas e as resinas do pinheiro Kuromatsu com os perfumados lúpulos Centennial, Chinook e Amarillo e não é pasteurizado, para manter todo esse aroma. Um dos bonsais de onde tiraram os brotos tem mais de 100 anos e é avaliado em mais de R$ 100 mil.  R$ 31 no Aconchego Carioca (500 ml)

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Heroica SuperSonic SourTonic Refrescante e leve sour (cerveja ácida) com pepino e zimbro do bonsai junípero, é inspirada nas cervejas Sahti, um estilo centenário nórdico que leva aveia, centeio e utilizava os galhos do pé de zimbro como filtro, pegando o sabor do fruto. E não tem também como o seu aroma não fazer lembrar de gim tônica, já que a planta é o ingrediente principal da infusão do gim. R$ 36 no Aconchego Carioca (500 ml)

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