Cervejas e vinhos para acompanhar bem mexilhões e fritas
Painel de harmonização testou oito rótulos; veja o resultado e outras dicas de harmonização com o tradicional prato belga moules et frites
21 de fevereiro de 2018 | 17:24por Isabelle Moreira Lima, O Estado de S.Paulo
Sorte do mundo que um dia um belga resolveu preparar uma panela de mexilhões e servi-los com batatas fritas à perfeição. Conhecido hoje no mundo inteiro como moules et frites (mexilhões e batatas fritas) este prato, que é um exercício de hedonismo para os aficionados da cozinha do mar, é par fácil para cervejas e vinhos.
Do mar. As moules do Ici, cobertas de cebola e salsão Foto: Bruno Geraldi
Para alguns especialistas, o que deve definir quem casa melhor é a própria receita: se os mexilhões forem cozidos no vinho, vá de vinho; se levar cerveja, vá de cerveja – e prefira as de estilo belga, para fazer uma harmonização cultural. (Mas neste painel você vai ver que descumprimos a regra e fomos muito felizes.)
Além da bebida usada no cozimento, outros ingredientes devem ser levados em consideração: para as clássicas moules marinières, que levam creme de leite, opte por brancos secos como Muscadet ou Rieslings; se entrar curry ou açafrão na jogada, prefira os brancos amadeirados; se o prato for preparado no estilo tailandês, com leite de coco, limão e coentro, o casamento com witbier ou com brancos como Grüner Veltliner, Pinot Gris ou um Sauvignon Blanc mais herbáceo é o desejado. Moules et frites com cobertura de farofa de pão e alho pedem Pinot Grigio ou outros brancos italianos; o prato preparado com linguiça, à moda do sul da França, casa bem com tintos, seja um Languedoc de preço bom, um francês do sul mais potente ou um rosé espanhol. Para um preparo mais suave tente ainda cepas como Albariño, Chardonnay, Sémillon e Viognier.
Foi o caso deste painel. Elegemos as moules et frites do Ici Bistrô, caprichadas na cebola, no salsão e no tomilho, levam boa dose de manteiga e são cozidas no vinho branco. O resultado é amanteigado e suave, sem os arroubos do curry ou do creme de leite.
Participaram os sommeliers Alexandra Corvo e Rene Aduan Jr., além desta que vos escreve, e reunimos vinhos (um fortificado, dois brancos e um tinto surpreendente) e cervejas – a maioria belga e uma brasileira bem ácida, estranha no ninho, que divertiu.
O resultado foi positivo acima do esperado, cada par com seu prazer. E os comentários dos degustadores você lê abaixo.
Vinhos e cervejas para beber com moules et frites
1 de 8
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
FINO DE JEREZ FERNANDO DE CASTILLA
Tão salino e marítimo quanto o prato, tem aromas de amêndoas tostadas, é untuoso e tem final salgado. Com os mexilhões, cria o desejado terceiro sabor. Melhor ainda com um pouco mais de gordura, como a adição de creme de leite ou de uma dose extra de manteiga.Origem: Jerez, Espanha. Preço: R$ 129,90 na Casa Flora
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
HIEDLER GRÜNER VELTLINER LÖSS
No nariz, traz um exemplo prático do que é mineralidade. Na boca, um toque cítrico, como zest de limão; é limpo e duradouro. Se sozinho já é bom, faz um casamento muito feliz com os mexilhões: prolonga o sabor do prato e ressalta o delicioso molho amanteigado. Origem: Kamptal, Áustria. Preço: R$ 85,38 na Decanter
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
LEYDA SINGLE VINEYARD NEBLINA RIESLING 2013
O único vinho frutado do painel, mescla sua fruta discreta (pêssego branco) com a mineralidade típica da Riesling, numa combinação equilibrada, mas longe do tradicional europeu. Agradável, com os mexilhões mescla fruta e salinidade e faz um namoro harmônico e fácil. Origem: Leyda, Chile. Preço: R$ 109 na Grand Cru
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
MUSITA NERO D'AVOLA SICILIA IGP 2013
Com altíssima acidez e fruta rústica, faz a harmonização mais iconoclasta: se você teme metalização com os mexilhões, esqueça, eles estão protegidos por seu escudo de manteiga. União equilibrada que traz toques de caramelo (manteiga do prato e barrica do vinho). Origem: Sicília, Itália. Preço: R$ 108,02 na Premium
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
HOEGAARDEN WITBIER
Rótulo tradicional para harmonização com mexilhões, é uma witbier longe do estilo alemão, feita para ser leve, com toques de laranja e semente de coentro. Fez uma harmonização honesta, limpou bem o paladar, não pesou, mas não trouxe nenhuma epifania. Origem: Bélgica. Preço: R$ 7,99 (330 ml) no Zaffari
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
LEFFE BLOND
De corpo leve, filtrada, com aromas de pão – um toque de levedura –, um leve floral e frutas amarelas, é uma cerveja discreta, de baixa expressão. Com a versão suave dos mexilhões, fez um casamento honesto que não dá vontade de parar de comer ou beber. Origem: Bélgica. Preço: R$ 14,90, (330 ml) no Zaffari
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
BLAUGIES SAISON D’EPEAUTRE
Se você ainda não entendeu o que é funky, abra essa garrafa – vai encontrar um cheirinho de queijo brie que explica tudo. O estilo é clássico do verão europeu. Com as moules, ressaltou as ervas e deixou tudo mais salgadinho. Fez uma harmonização complexa, cabeça. Origem: Bélgica; Preço: R$ 64,17 (750 ml) na WBeer
Foto: Daniel Teixeia/Estadão
DÁDIVA PINK LEMONADE
A única brasileira do painel, essa é a menos alcoólica, mas a mais ácida. No nariz, frutas vermelhas brasileiras (pitanga, acerola, goiaba), na boca, muito limão. O casamento com os mexilhões fica ainda melhor em um dia quente ou quando há creme de leite envolvido. Origem: Brasil; Preço: R$ 26,99 no Beer4U