PUBLICIDADE

Bebida

Das 1.000 cachaças iniciais às 50 finais

Por Cíntia BertolinoEspecial para o Estado, de Analândia

Das 1.000 cachaças iniciais às 50 finaisFoto:

O 1º Ranking da Cúpula da Cachaça foi idealizado um ano atrás, quando um grupo de aficionados por cachaça se reuniu em encontro batizado de 1ª Cúpula da Cachaça. Foi quando surgiu a ideia de fazer uma degustação às cegas para avaliar a qualidade da bebida da maneira mais direta possível: provando.

FOTOS: Mauricio Motta/Estadão

LEIA MAIS:+ Veja a lista das 50 melhores cachaças do Brasil

Antes, porém, era preciso definir quais garrafas entrariam na prova. A decisão foi convidar, via internet, todos os cachaceiros do País a listar suas três marcas favoritas, desde que elas estivessem dentro dos parâmetros do que é cachaça – precisa ser feita no Brasil a partir do mosto fresco fermentado obtido do caldo de cana-de-açúcar e ter graduação alcoólica entre 38% e 48%. Acima dos 48% não é cachaça, é aguardente de cana.

As indicadas também deveriam estar registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Apenas 5 mil dos estimados 40 mil produtores de cachaça em atividade no País estão registrados.

PUBLICIDADE

Cinco mil pessoas ajudaram a formatar a lista com mil cachaças. Uma nova etapa online elegeu as 250 que seguiriam para próxima fase, em que especialistas fizeram uma seleção de 60 rótulos, a partir desses 250.

A lista das 60 cachaças causou polêmica entre fãs e produtores. Mesmo entre membros da cúpula foi sentida falta de rótulos favoritos entre os finalistas. “Há um consenso que pelo menos outras 50 cachaças poderiam estar na lista das 60 finalistas”, disse Dirley Fernandes.

No primeiro dia de degustação, quando os 12 membros da Cúpula da Cachaça se reuniram, o mestre alambiqueiro Nelson Duarte, recém-contratado como master blender da Ypióca, declarou-se impedido de participar – por conflito de interesse – e não votou.

O QUE DIZ O RÓTULO 

O topo do ranking foi monopolizado por cachaças envelhecidas. Na primeira posição, a Vale Verde 12 anos passa todo esse tempo em barris de carvalho. Já a Vale Verde Extra Premium envelhece 3 anos.

PUBLICIDADE

O título extra premium assim solto no rótulo, sem mais informações, não diz muito ao consumidor novato. É comum encontrar uma grande variedade de cachaças com o mesmo nome, mas com tempo de envelhecimento e madeira diferentes, deixando o consumidor perdido. As informações nem sempre estão claras no rótulo. Algumas garrafas têm só a classificação adotada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Que é a seguinte:

Envelhecida: deve ter, no mínimo, 50% de cachaça envelhecida em madeira com capacidade máxima de 700 litros. Deve estagiar na madeira por pelo menos 1 ano.

Premium: é composta por 100% de cachaça envelhecida em madeira, com capacidade máxima de 700 litros, por no mínimo 1 ano.

Extra Premium: tem 100% de cachaça envelhecida em recipiente de madeira, com capacidade de 700 litros, por no mínimo 3 anos.

“OUVIR” A PINGA

PUBLICIDADE

Para conduzir a avaliação, foi criada uma ficha técnica em que os juízes deveriam dar notas a 13 quesitos divididos em quatro categorias: análise visual, olfativa, gustativa e final. Os critérios técnicos ajudam a avaliar virtudes e achar defeitos. Mas gosto pessoal também entra na equação. E é importante que seja assim. Segundo os juízes, cada cachaça tem sua narrativa. E para ouvi-la, basta estar atento.

Visual | A cachaça deve ser límpida – partículas em suspensão revelam problemas na filtragem e envase. Deve também ser brilhante e untuosa. Gire o copo e observe: precisa escorrer lentamente, como se fosse lágrima.

Gustativo | Finalmente, tome um gole e deixe a cachaça na boca alguns segundos. Se ela tiver corpo, deixará uma sensação aveludada. Depois, sinta a acidez e o álcool: quanto mais delicada a sensação que eles deixarem, melhor.

Olfativo | Não ponha o nariz dentro do copo. Primeiro, sinta o álcool: ele deve ser suave. Depois, tente identificar aromas e o que há de indesejável, como acetona ou vinagre. O álcool e os aromas devem estar equilibrados.

Final | Agora é hora de analisar o conjunto da obra e avaliar a qualidade, o retrogosto (o gosto que fica na boca depois de engolir o gole; quanto mais duradouro, melhor), o equilíbrio e a personalidade da bebida.

PUBLICIDADE

>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 6/2/2014

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE