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Bebida

Bons drinques sem uma gota de álcool

A procura por opções não alcoólicas tem crescido e agora são infinitas as possibilidades para a criação de coquetéis nesse estilo

Soda de agrião. Do Tuy Bar, Cocina: nuances de sabores. Foto: Tuy Bar Foto: Tuy Bar

A coquetelaria nunca foi apenas sobre álcool. Beber um drinque está mais relacionado ao entorno que ele pode produzir – como um ambiente de acolhimento, companheirismo e relaxamento. Por isso, nos últimos anos, mesmo quem não consome bebidas alcoólicas, tem sido cada vez mais convidado a se juntar ao clube. E é aí que entram os coquetéis sem álcool, também chamados de mocktails.

Nada nesse universo é novo. Mas, em tempos de responsabilidade social e preocupação com a saúde, a procura por opções não alcoólicas tem crescido. Hoje, em uma cidade como São Paulo, quase todos os bares e restaurantes que tratam a coquetelaria de forma séria já têm opções nesse estilo. Agora, com as restrições ocasionadas pelo combate à covid-19, o consumo de coquetéis livres de álcool também aparece como uma forte opção para os restaurantes.

Soda de agrião. Do Tuy Bar, Cocina: nuances de sabores Foto: Tuy Bar

Mas o que são coquetéis sem álcool? Puma Ricardo Fuenzalida, bartender e diretor da Cocktail Channel, é quem começa a nos explicar essa tendência. “Antes, bares e restaurantes ofereciam apenas sodas italianas ou coisas mais simples, como guaranás, tônicas.

Hoje, o cliente que não está bebendo álcool também quer se sentir partícipe de uma roda de conversa e do consumo mais elaborado. Por ser o motorista da rodada (quem vai dirigir depois do bar), por ter restrições de saúde ou por simplesmente não querer beber álcool, o cliente também deve ser atendido com atenção”, disse Fuenzalida.

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O bartender conta que existem infinitas possibilidades para a criação de coquetéis sem adição de álcool. “Você vai em um mercado e encontra prateleiras inteiras de tipos diferentes de chá. Com o chá, você pode ter como ponto de partida suas combinações com café, água de coco e outras. Ainda existem xaropes, kombuchas... O que não falta são elementos para a criação de não alcoólicos. Em casa, às vezes, é o caso de abrir a geladeira e pôr a cabeça para funcionar”, afirmou. 

Para o mixologista e editor do site Mixology News, Marco De La Roche, os drinques sem álcool são parte de uma nova cultura de bar. “Antes, a pessoa que gostava de bar ia no máximo uma vez por semana ao bar. Hoje, o cliente vai mais – e não está aguentando beber todos os dias. Por isso, o consumidor está mesclando o coquetel tradicional com aquelas opções com menos teor alcoólico e até o sem álcool. O bar passou a ser um espaço mais democrático”, disse. 

Cordial Soda. Drinque sem álcool do restaurante Tan Tan Foto: Lucas Terribili

A pergunta que muitos se fazem é: drinque sem álcool não é apenas um suco? “Tem que ter algo que ‘pega na boca’, algo amargo, um cordial bem-feito (xarope ou uma bebida licorosa cuja base é a fruta) ou um gaseificado. Tenho uma criação com soda de caju e água de mel que traz a clara lembrança de um coquetel alcoólico”, afirmou Thiago Toalha, bartender do Le Jazz Petit.

No bar e restaurante Tan Tan, os não alcoólicos são uma realidade consolidada. “É notório quando um coquetel desse tipo é bem-feito, quando tem um pré-preparo. Um não alcoólico com um cordial de qualidade, shrubs (bebida avinagrada proveniente da adição de vinagre e açúcar a um suco), com algo cítrico e bem finalizado, é algo que eu gosto de fazer. Não sei o que passa pela cabeça do bartender que não gosta. O cliente precisa ter opções”, lembrou o bartender, consultor de bar e mixologista-chefe do Tan Tan, Alex Mesquita. 

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Para o bartender Vini Lopes, do Tuy Bar, Cocina, um drinque não alcoólico não é simplesmente um suco pelo “cuidado com os insumos, nuances de sabores, equilíbrio e apresentação”. “Antigamente, o cliente pedia para colocar uma tônica com uma rodela de laranja em uma taça de gim-tônica para fingir que estava bebendo. Isso acabou”, disse. 

Ice tea. Do Z Deli: drinques sem álcool são atualmente parte de uma nova cultura de bar Foto: Lucas Terribili

Bianca Petrillo, bartender e consultora de marcas, acredita que, além de abrir portas para um público diferente, a questão dos custos pode influenciar o crescimento da modalidade. “Sem o álcool, temos um produto mais acessível para o consumidor e para o próprio bar ou restaurante”, explicou. 

Além da questão do preço (os drinques sem álcool são sensivelmente mais baratos do que aqueles preparados com álcool), outros fatores foram apontados pelos profissionais como fundamentais para o crescimento da categoria: “Funciona como aquele drinque de espera no restaurante. Acho que ajuda a pessoa a se acostumar com o ambiente do bar, mesmo que não beba álcool”, falou Toalha.

“Com as restrições da covid, o consumo de não alcoólicos ganhou mais relevância. Além disso, não podemos esquecer que muitos clientes gostam de beber algo que possam postar em seus Instagrams. O drinque sem álcool também é bonito e ‘instagramável’”, garantiu Lopes. 

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Mercado

O movimento “zero álcool” já chegou às grandes companhias. Primeiro, claro, foram as chamadas cervejas sem álcool. Agora, o mercado de bebidas destiladas já está olhando para essa fatia do consumidor. Fora do País, por exemplo, a marca de gim Tanqueray já tem uma versão sem álcool (o que pode causar arrepios nos puristas, mas parece um movimento inevitável no mundo das grandes marcas).

A Henkell Freixenet, produtora de vinhos espumantes, também está apostando forte em versões zero álcool. Os rótulos Freixenet Zero Álcool e Henkel Zero Álcool são produzidos por meio de uma destilação em baixa temperatura e fermentação processada sem grandes variações de pressão. Graças a essa técnica, mesmo sem álcool, o risco de perdas de componentes aromáticos é minimizado.

Os produtores brasileiros também já atentaram para esse tipo de produto. A NOT, por exemplo, acabou de lançar um drinque sem álcool em latinhas (com hibisco, morango e hortelã). “A nossa proposta é trazer a experiência do drinque para o não alcoólico. Você pode tomar na latinha ou colocar em uma taça legal, fazer uma decoração”, disse o proprietário da NOT, Marcelo Lopes. “Eu comecei desenvolvendo drinques alcoólicos prontos para consumo, mas fui percebendo que existia essa demanda, que gente que não bebe álcool porque não gosta, por questão de saúde, gravidez, etc.”, disse. 

Outra marca brasileira que se posicionou nesse mercado foi a Easy Drinks, que vende preparados de frutas frescas selecionadas, já limpas, em pedaços (em alguns sabores, são frutas inteiras) e adoçadas (como frutas vermelhas, morango, pitaia, maracujá e outras).

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Onde beber os não alcoólicos

Os preparados podem ser usados na produção de drinques alcoólicos ou sem álcool. Le Jazz Petit -R. dos Pinheiros, 262.Tan Tan Noodle Bar - R. Fradique Coutinho, 153.Tuy Bar, Cocina - R. Jerônimo da Veiga, 163.Astor, SubAstor - Rua Delfina, 163. Z Deli - Rua Bento Freitas, 314.Carlos Pizza - Rua Harmonia, 501.

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