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Bebida

E agora, para onde vai o café?

Por Cynthia Almeida RosaEspecial para o Estado 

FOTO: Felipe Rau/EstadãoFoto:

Um expresso premium extraído em dose única ao toque de um botão: essa foi a bandeira fincada pela Nespresso, do grupo Nestlé, na sua chegada ao Brasil, em 2006. O consumidor comprou a ideia, embora alguns tenham cogitado o risco de o sistema fechado, que atrela máquina a cápsula, aguar o cafezinho caso as cápsulas não chegassem mais aqui.

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Agora, o sistema começa a se abrir – contra a vontade da fabricante. As cerca de 1.700 patentes que protegem cápsulas e máquinas estão expirando. E, assim como tem acontecido em muitos países da Europa, no Brasil surgem cápsulas alternativas, caso do Café do Ponto, que acaba de lançar por aqui as cápsulas L’Or, compatíveis com a máquina da Nespresso, e do Lucca Cafés Especiais, de Curitiba, que desde agosto de 2012 vende seus cafés nesse formato via internet e em sua matriz, no bairro Batel. O Paladar conseguiu reunir cápsulas alternativas de quatro fabricantes e fez uma prova comparando-as às originais, que, diante das concorrentes, se saíram bem.

FOTO: Felipe Rau/Estadão 

A Nestlé não comenta o assunto, um imbróglio jurídico que se repete em países como França, Alemanha, Bélgica, Espanha e Holanda. Na Europa e na Ásia, desde 2010 multiplicam-se os fabricantes de cápsulas e as torrefações que distribuem seus cafés nesse tipo de dispositivo. “Desde que a patente tenha caído, essas empresas não estão infringindo nada”, diz Mônica Steffen Guise Rosina, professora de propriedade intelectual da Escola de Direito de São Paulo da FGV.

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Um dado é público: a marca suíça acumula derrotas nos tribunais, em ações contra seus dois principais adversários, a D.E Master Blenders 1753, grupo que é dono do Café do Ponto, e a Ethical Coffees, que pertence a Jean-Paul Gaillard, ex-CEO da Nespresso, apontado como um dos responsáveis pela projeção mundial da marca. Em uma das decisões mais emblemáticas, um juiz de Düsseldorf, Alemanha, rejeitou a medida cautelar contra a empresa de Gaillard, argumentando que, ao comprar a cafeteira, o consumidor adquire o direito de operá-la como bem entender, inclusive usando outras cápsulas.

No Brasil, o mercado de cápsulas alternativas começa a dar sinais de vida. “Seguramente, é uma tendência. É um método prático. Basta que se chegue a preços mais acessíveis”, pondera Silvio Leite, degustador internacional do concurso Cup of Excellence e exportador. “Monodose é o futuro. É um café sujeito a mínimos erros, uma bebida com regularidade”, diz.

A Nestlé reage: suas cápsulas, vendidas a preços entre R$ 1,90 e R$ 3 em 2010, hoje custam R$ 1,50 a unidade – e algumas fontes ouvidas pelo Paladar apostam que ainda podem chegar a pouco mais de R$ 1. Outro sinal de alerta é a reformulação da loja da Rua Padre João Manoel, nos Jardins, fechada desde o dia 31 de janeiro. O espaço, que funcionava como butique e cafeteria, passa por uma reforma e deve ser reaberto em maio apenas como centro de treinamento e palestras. É um endereço a menos no já restrito número de lugares onde se pode comprar cápsulas Nespresso: são 11 butiques no Brasil, das quais 5 em São Paulo, 2 no Rio, 1 em Campinas, 1 em Belo Horizonte, 1 em Brasília e 1 em Curitiba.

>> Veja todos os textos publicados na edição de 7/2/13 do ‘Paladar’

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