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Está de drinques comigo?

Nada era mais elegante que um cavalheiro de dinner jacket segurando uma taça de martini

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Por Luiz Horta
Atualização:

Não tinha coisa mais elegante que um cavalheiro de dinner jacket segurando uma taça de martíni. Isso moldou o ideal de ego da minha geração - David Niven, Fred Astaire e Sean Connery pareciam ter nascido com uma coqueteleira na mão e uma receita pessoal de dry (com ou sem bitter, com casquinha de limão apenas suada no calor de um fósforo e por aí afora). Então o mundo ficou com pressa, a bebida virou um meio, algo para sintonizar a cabeça com o som alto do clube.

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A vodca pura passou a reinar, e a arte do coquetel elaborado entrou em completo esquecimento. Andei procurando um bom uísque sour recentemente. Foi uma sucessão de decepções. Parece que ninguém sabe que o "sour" do nome quer dizer azedo, que a acidez é necessária nessa fórmula deliciosa para contrabalançar a doçura do bourbon.

Aproveitando esta edição do Paladar com drinques novos e inventivos, pedi ao barman Fábio Dias, do Volt, que sabe tudo das misturas de bebidas, para executar meus clássicos preferidos. É preciso entender que os drinques são fórmulas, com proporções e equilíbrio, muitas vezes aperfeiçoadas por décadas de experimentações e erros (e ressacas). Uma sintonia.

Prefiro os drinques longos, matadores de sede e não adocicados. Daí querer meu gim fizz, e não tônica; a prazerosa salada adulta do bloody mary; a sourness do uísque sour; e, claro, como ainda tenho esperança de me tornar magicamente Cary Grant, um martíni executado com precisão de um alfaiate de Savile Row.

É irresistível a anedota com o cineasta espanhol Luis Buñuel, grande consumidor do coquetel que, como os mais fanáticos por martínis, apreciava os ultrassecos, sem vermute. Na hora da adição do Noilly Prat ele propunha: coloque a garrafinha do bitter con tra a luz do sol e deixe um raio atravessá-la e tocar a taça cheia de gim gelado. Só.

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Dry martíni 

Para ser bem canônico, leva quatro exatas gotas de vermute Noilly Prat depositadas sobre uma dose de gim em bastante gelo na coqueteleira. Tudo mexido, coa-se o gelo e serve-se numa taça de 100 ml

Uísque sour

Bourbon com uma base cítrica, toque de açúcar e suco de limão. A espuminha de clara é imprescindível para dar textura.

Bloody Mary

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Outro grande favorito, o melhor é feito com suco de tomate com textura e corpo, boa vodca e molho inglês original.

Gim fizz

É o gim tônica para quem não gosta de tônica (meu caso) e leva soda. Com uma cereja e limão, vira um tom collins

ONDE BEBER

Bar Volt R. Haddock Lobo 40, 2936-4041. Drinques entre R$ 18,90 (com bebidas nacionais) e R$ 24,90 (com importadas)

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