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Bebida

Garnacha, Grenache ou Cannonau

Isabelle Moreira Lima

Garnacha, Grenache ou CannonauFoto:

A Garnacha já foi a uva mais plantada do mundo. A difusão dava-se menos pela sua performance como artista solo e mais por sua participação em cortes, como no clássico Châteauneuf-du-Pape e no trio conhecido como GSM – santíssima trindade do sul da França, em que sua versão local Grenache é mesclada à Syrah e à Mouvèdre.

No fim do século passado, no entanto, como parte de um esforço da União Europeia para reduzir a produção e aumentar a qualidade dos vinhos, a área voltada para esta cepa foi sensivelmente reduzida. A estratégia funcionou e a Garnacha passou a viver dias de glória, principalmente no Priorato, na Catalunha. Hoje, figura como responsável por um dos melhores vinhos da região, o L’Ermita, feito com a produção de vinhas antigas pré-filoxera de Álvaro Palácios. Sem nenhuma safra à venda no Brasil, pode ser comprado a US$ 725 nos EUA.

Embora floresça rápido, a cepa demora para amadurecer, o que a favorece em climas quentes – característica vital para sua sobrevivência na perspectiva de aquecimento global. É vigorosa, tem pouca cor e normalmente apresenta níveis de açúcar muito altos, o que faz com que produza vinhos bastante alcoólicos. A acidez costuma ser moderada. É resistente a doenças da videira, o que explica a existência de muitas vinhas antigas de Garnacha em diferentes partes do mundo. No nariz, pode remeter a aromas de frutas vermelhas ou negras. Na boca, poucos taninos.

FOTO: Dan Neville/NYT

Ninguém duvida que seja uma espécie mediterrânea, mas muito já se debateu se nasceu na Itália, onde é chamada de Cannonau, ou na Espanha. Na Catalunha, região onde é bastante expressiva, pode ser ainda chamada de Garnatxa. A primeira menção à cepa é de 1348, justamente em um documento da região que recomenda um vinho branco quente de Garnatxa para a cura da peste. Hoje, há duas escolas principais de varietal da Garnacha: a tradicional, em que os vinhos têm corpo leve, muita fruta e notas de ervas; e a mais moderna, com muito corpo, concentração e intensidade.

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Levando em conta sua história e a difusão, elegemos cinco representantes da uva para este painel de degustação, que foi realizado na Trattoria Fasano com a participação do sommelier do restaurante, Marcelo Batista. Também participaram a sommelière do Arola Vintetres, Gabriele Frizon, o jornalista Guilherme Velloso e eu.

NO SEX FOR BUTTERFLY 2013 CHÂTEAU DE VALCOMBE

Origem: Costieres de Nîmes, FrançaPreço: R$ 135 na Winebrands Sem passagem por barril de madeira, este Grenache francês do Vale do Rhône é macio e quente. De cor clara, tem aromas intensos de frutas vermelhas frescas. Na boca, é leve, seguindo o padrão da Grenache francesa. Tem boa acidez, poucos taninos e bastante álcool (14%). A dica é resfriar 15 minutos na porta da geladeira. Vai bem com polvo.

CANNONAU DI SARDEGNA DOC 2011 SELLA & MOSCA

Origem: Sardenha, ItáliaPreço: R$ 86,90 na Interfood Com apenas quatro anos de idade, este vinho deve ser bebido imediatamente ou entrará em declínio: a cor já é menos violácea que o padrão da casta e o halo de evolução está bastante aparente. Com perfil aromático herbáceo – que remete a balsâmico e até notas de remédio –, na boca tem boa acidez, corpo médio, taninos finos e álcool levemente perceptível (14%). Vai bem com sardinhas na brasa e massa com ervas.

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OLD BUSH VINE GRENACHE 2013 YALUMBA

Origem: Barossa, AustráliaPreço: R$ 161 na KMM Feito com uvas de vinhas antigas, estagia por oito meses em barrica, o que lhe confere aromas de café e cacau. Traz notas de frutas maduras e ervas. Na boca, é doce e macio. Seus 13,5% de álcool são notáveis. Vai bem com apimentados.

GARNATXA NEGRA 2013 HERENCIA ALTÉS

Origem: Terra Alta, EspanhaPreço: R$ 72 na Via Vini Escuro e concentrado, traz aromas minerais, de ervas refrescantes e frutas negras maduras. De corpo médio, acidez abundante e taninos macios, é discreto e equilibrado em relação ao álcool. O final é persistente. Pronto para beber. Bom com polpetone.

OLD VINES 2010 ATTECA

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Origem: Aragon, EspanhaPreço: R$ 149,20 na Mistral Preferido do painel, tem carvalho bem definido (fumo, tabaco), equilibrado com notas de compota de fruta e de ervas. É sedoso, com taninos finíssimos e boa acidez. Não se percebem os 15% de álcool. Ainda tem potencial de guarda. Ótimo com rabada.

>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 27/8/2015

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