É velho dizer que Pinot Noir bom é da Borgonha. Hoje, há excelentes vinhos feitos com a cepa vindos dos quatro cantos do planeta.
Se a Borgonha oferece uma bebida complexa e longeva, outras regiões têm se mostrado promissoras e feito vinhos melhores a cada ano, uma vez que os viticultores acumulam mais experiência (não é uma cepa de cultivo fácil, com seu amadurecimento precoce e a casca fina e frágil, sujeita a doenças), usam melhores clones, e os vinhedos envelhecem. Solo (calcário) e clima (frio, mas nem tanto) são a chave.
As regiões que têm os melhores resultados são as de clima continental (Alemanha), de latitude baixa (Nova Zelândia e Patagônia), de altitude alta, ou ainda com influência marítima (Chile). Em relação à Borgonha, elas oferecem uma vantagem indiscutível, o custo.
No século 14, muito antes do filme Sideways, já se sabia que a Pinot Noir fazia vinhos deliciosos, macios e de acidez alta, excepcionais para essa estação (e todas as outras). São daquela época os primeiros registros sobre o nome da uva, que já a exaltavam, como se faz até hoje, mas acredita-se que sua origem é muito mais antiga, no Egito.
+Restaurantes que já foram eleitos os melhores do mundo no 50 Best não entrarão mais na lista
+Perfumadas e fáceis de beber, cervejas wit são alternativa às lagers no verão
Em contraste com os taninos intensos de cepas como a Cabernet Sauvignon, a Pinot Noir é aveludada, fácil de se gostar. Seu frescor faz com que seja maravilhosa para acompanhar comida e sua leveza prolonga a magia de qualquer refeição.
Quando jovens – e este é o caso da seleção a seguir –, os vinhos da Pinot Noir são frescos e frutados, com notas de morangos, cereja e framboesa. Com o tempo, ou no caso dos vinhos mais complexos, trazem notas de amora, cogumelo e até de especiarias.
Para fugir dos altíssimos preços da Borgonha, que invariavelmente começam em três dígitos – a crítica inglesa Jancis Robinson faz piada ao dizer que quem gosta dos borgonheses é masoquista – aqui está uma seleção de Pinot Noir de todo lugar: da América do Sul à Oceania.
Parte dos vinhos foi provada com os sommeliers do Fleming’s, Gabriel Raele; do Seen, Neri Bonacina; e do Maní, Felipe Barreto, no restaurante. Outros foram garimpados em lojas e eventos.
Pinot Noir de todo lugar
1 de 10-
W OF PAINE PINOT NOIR RESERVA 2017
Se vai montar uma mesa variada com comidinhas para beliscar, este rótulo será seu aliado. Com ótima acidez e corpo médio, traz fruta vermelha azeda (morango fresco e muita framboesa) e um toque vegetal. Trata-se de um Pinot de influência marítima, dos ventos do Pacífico. Origem: Casablanca, Chile; Preço: R$ 76 na Winelovers
-
QUINTA DA NEVE PINOT NOIR 2011
Apelidado de “primo brasileiro de Givry”, pela tipicidade de Borgonha, traz aromas de cereja, pitanga, pomelo e um toque de amêndoa tostada. É delicado, com taninos equilibrados e boa textura. Só peca pela pouca persistência. Vai bem com coelho e pratos de mar e montanha. Origem: São Joaquim, Brasil; Preço: R$ 126,50 na Decanter
-
AURORA PINTO BANDEIRA PINOT NOIR 2017
Aqui o aroma de fruta vermelha explode no nariz no primeiro contato. Na boca, traz a tipicidade de região quente, com um toque de fruta negra. A acidez poderia ser mais alta, mas um toque tostado pode agradar aos fãs de madeira. Vai bem com um pato cozido com cereja ou um molho mais doce. Origem: Pinto Bandeira, Brasil; Preço: R$ 49,70 no Bebidas Famosa
-
FAMILIA SCHROEDER SAURUS PINOT NOIR 2017
Este vinho é uma delícia e um bom cartão de visitas do enorme potencial da Patagônia para a casta. Além das frutinhas vermelhas, tem um toque de especiarias. Na boca, é superelegante, facílimo de beber, com uma acidez viva e taninos supermacios. Uma garrafa vai ser pouco. Origem: Patagônia, Argentina; Preço: R$ 95,20 na Decanter
-
PULENTA ESTATE IX PINOT NOIR 2013
Incluí este vinho porque é um ótimo demonstrativo do bom resultado que a Pinot Noir pode obter em climas mais quentes, como o de Lujan de Cuyo, mais conhecido pela Malbec. É um vinho atípico, mais corpulento, mais alcoólico (incríveis 15°), mas agradável, cheio de aromas de frutas maduras. Origem: Mendoza, Argentina; Preço: R$ 149,90 na Grand Cru
-
SALTON PARADOXO PINOT NOIR 2015
Tem duas principais virtudes: o aroma típico e o fato de ser o mais barato da seleção. É simples, mas agradável e uma boa porta de entrada para a casta. Vai bem com pratos mais condimentados, como um frango ensopado com coentro ou um curry de legumes indiano pouco apimentado. Origem: Campanha Gaúcha, Brasil; Preço: R$ 29,99 na Meu Vinho
-
BRANCOTT PINOT NOIR 2016
Aqui o aroma é intenso e doce, lembra geleia de morango e compota de framboesa. Na boca, a doçura persiste e divide espaço com a acidez. Trata-se de um vinho para o calor, um Pinot Noir de piscina. Mas vai bem também com uma pizza calabresa cheia de cebola. Origem: Malborough, Nova Zelândia; Preço: R$ 117,69 na Casa Flora
-
GUY SAGET LA PETITE PERRIERE PINOT NOIR 2016
Vale provar este rótulo que vem de Sancerre, região mais conhecida por seus Sauvignon Blanc, mas que já é uma revelação também para Pinot Noir. É puro frutinha ácida, com boa estrutura para carnes de caça – tem leve passagem por barrica. Funciona também com massas com legumes e carnes. Origem: Loire, França; Preço: R$ 97,01 na Mistral
-
OEHLER-RUPRECHT SPÄTBURGUNDER KABINETT TROCKE
Este vinho destoa do painel em preço e em estilo, mas é tão maravilhoso que não poderia ficar de fora, por sua complexidade de aromas e paladar. Seus quase dois anos em barricas usadas lhe conferiram um toque defumado que lembra carne curada. Na boca é quase sápido. Origem: Pfalz, Alemanha; Preço: R$ 220,58 na Premium Wines
-
SCHLOSS MONREPOS PINOT NOIR
Vem da Alemanha, país que tem se destacado na produção da casta devido ao efeito do aquecimento global. Com sete anos de idade, mostra evolução, com toques de especiarias, além das características frutas vermelhas. Está delicioso, com a acidez viva, mas deve ser bebido já. Origem: Württemberg, Alemanha; Preço: R$ 159 na Vind’Ame