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Nova (e premiada) vinícola brasileira faz vinhos de butique com uvas compradas

Enos Boutique de Vinhos tem apenas uma safra no mercado e mesmo sem vinhedo próprio já acumula títulos e faz planos de produzir na Argentina

A vinícola Enos Vinhos de Boutique, produtora de rótulos considerados revelação do ano, já nasceu ambiciosa. O empresário de livros digitais Leo Kades, queria produzir Malbec de alta gama de vinha centenária na Argentina. Mas foi atropelado por uma crise econômica. Com o dólar nas alturas, congelou o projeto e foi em busca de um novo terroir. Kades tinha medo de pôr seu plano em prática no Brasil. Achava que aqui só milionário conseguiria fazer vinho de pequena produção. Também tinha receio de virar garagista e arcar com complicações legais. Chegou a estudar parcerias com vinícolas catarinenses, mas nada foi adiante.  A reviravolta que faltava para o seu “romance” vitivinícola virar realidade foi encontrar em Flores da Cunha o enólogo Felipe Bebber que tinha uma adega novinha em folha. Começou a comprar uvas, algo incomum quando se fala em vinhos de butique, em terroirs específicos para cada cepa: a Tannat vem de Dom Pedrito, na Campanha Gaúcha; a Cabernet Sauvignon de Bento Gonçalves; a Carmenère de Nova Pádua; a Cabernet Franc, de Pinto Bandeira. “Foi arriscado, mas deu certo”, justifica Kades pela escolha metodológica ousada. 

Do alto de sua primeira safra, pode parecer um toque de ansiedade afirmar que deu certo. Mas ele se fia nos selos de melhor rosado, melhor brut, melhor da serra gaúcha e revelação do ano do guia Descorchados 2017. Todos os títulos foram alcançados pelo espumante La Belle Brut Rosé (R$ 129,90 na loja da vinícola). Feito com consultoria do enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, é todo delicado, com aromas de frutas vermelhas frescas, perlage fino e acidez elegante.

Espumante La Belle Brut Rosé Foto: Enos Boutique de Vinhos|Divulgação

Junto a ele estão outros 11 rótulos que prezam pela discrição e pedem atenção. Podem ser comprados no site da vinícola (vinhosdeboutique.com.br), como o Urim Merlot Reserva Clássica 2012 (R$ 69), cheio de frutas vermelhas e com menos corpo e mais acidez do que se espera da casta, e o Tannat Grand Reserva 2012 (R$ 144,90), com boa adstringência e taninos típicos, que arrasam com uma kafta, por exemplo. Seu maior pecado é o visual antiquado. Kades está satisfeito com a produção brasileira, mas não desistiu da Argentina. Encontrou o vinhedo centenário ideal em Mendoza. Se bater o martelo, já programa 18 meses em barrica. E com consultoria de Michel Rolland.

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