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O que marcou nosso ano cervejeiro

Através de algumas marcas e rótulos de cervejas podemos observar as tendências do mundo cervejeiro que marcaram o ano de 2016

Alguns rótulos e marcas representam bem os movimentos que estão em curso, os fatos marcantes, as tendências e até as vontades em um mundo cervejeiro cada vez mais rico e abrangente. São cervejas que acabam tendo até outro gosto devido às histórias que carregam. Confira a lista:

  Foto: Michael Dalder|NYT

O sumiço e a volta das importadas

BREWDOG

Uma das marcas mais conhecidas e adoradas entre os cervejeiros deste planeta, a BrewDog chegou ao Brasil uns seis anos atrás. Era sucesso absoluto, mas foi ficando cada vez mais cara e perdeu destaque por conta das trocas de importador, pela chegada de muitas outras marcas relevantes, além da melhora das opções nacionais. Com o câmbio desfavorável, no começo deste ano, acabou sumindo de vez das prateleiras. Foi uma pena uma marca tão icônica desaparecer assim. Porém, em novembro, depois de mais uma troca de importador, a BrewDog voltou ao mercado e com preços bem melhores. Esse enredo não foi exclusividade da “beer for punks”. Esse sumiço – seguido ou não de ressurreição – vem acontecendo frequentemente. Founders, Mikkeller, Evil Twin… Não tem tido jogo ganho por aqui e tá cada vez mais fácil viver sem alguns rótulos. Raramente existirá um amor cervejeiro insubstituível, mas sempre ficaremos felizes com as possibilidades de um “remember”. 

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BrewDog Punk IPAOrigem: Ellon, Escócia  (Está esgotada, mas liberam o novo lote em janeiro, custando em torno de R$22 (330 ml) 

  Foto: Divulgação

Boa e barata

MANIACS

Filha da importadora e distribuidora Beer Maniacs, detentora dos direitos da cervejaria americana Brooklyn no Brasil, a marca chegou para ocupar um espaço onde ainda há poucas opções. Com foco no custo-benefício, tem o mestre-cervejeiro conhecido e premiado Rafael David à frente, tem IPA no portfólio, tem pensamento de microcervejaria artesanal, mas veio com a promessa de custar menos de R$10 a lata. O segredo? Lotes gigantes de 25 mil litros (como referência, a maioria das micro produzem lotes de 2500 litros). Por já terem toda a rede de distribuição, o que significa garantia de venda, puderam apostar de cara em lotes deste tamanho, possibilitando ótimas negociações na compra das latas, caixas, tampinhas, ingredientes… A proposta é ser uma opção para quem está iniciando, saindo das cervejas padrão, ou ser a cerveja do dia a dia de quem não vive de beber long necks de R$25. Ocupam bem o meio termo e deram uma bela chacoalhada no mercado, mostrando que é possível, sim, mesmo não sendo uma das gigantes, fazer cerveja com preço bastante acessível.

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Maniacs IPA Origem: Paraná, Brasil Preço: R$ 9,99 (300 ml) no Clube do Malte

  Foto: Divulgação

Produtos locais, com rastreabilidade 

A cerveja é uma bebida que aceita muitos ingredientes, como frutas, ervas, especiarias, mel, rapadura... São dezenas de rótulos feitos no Brasil contendo um deles como diferencial. Porém, raramente existe uma preocupação ou parceria com os fornecedores. E já passou da hora de mudar isso. Se a ideia é usar um ingrediente local, por que não ir atrás de um fornecedor bacana, um pequeno produtor, algum vizinho da cervejaria? Por que simplesmente escolher pelo menor preço? A cerveja pode ser muito mais do que um líquido bom de beber. Ela pode ser uma ferramenta social, ambiental…

A Experimento Beer, com suas frutas nativas, e a Colorado, com seu mel e sua rapadura, já demonstram essa preocupação social, aliada á qualidade da bebida. Esse ano surgiu também a Cáscara, uma colaborativa entre a Zalaz e OneBrew, que foi feita numa cervejaria-fazenda em Paraisópolis (MG), utilizando infusão de casca de café e casca de limão cravo da própria fazenda na receita. Que sirvam de inspiração!

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Zalaz Cáscara Origem: Minas Gerais, Brasil Preço: R$25,50 (375 ml) no CluBeer

  Foto: Divulgação

Troca de experiência

Receitas colaborativas não são novidade e vira e mexe tem cervejarias se juntando para criar rótulos em conjunto. Mas ainda é raro uma cervejaria que abre a cabeça e faz colaborativas com produtores de outras bebidas ou ingredientes. Se duas cabeças pensam melhor do que uma, imaginem só especialistas de áreas distintas sentando para conversar e criar as pontes entre os dois mundos?

A curitibana BodeBrown já lançou cerveja em parceria com a cachaçaria Weber Haus e agora foi a vez da paulistana Júpiter se juntar ao Alambique Santa Rufina. O cervejeiro tem a oportunidade de aprender com quem domina o envelhecimento em madeira, ambos os lados trazem orgulho da brasilidade e todo mundo só tem a ganhar caminhando junto, debaixo do guarda-chuva da gastronomia, que engloba tudo o que há de bom.

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Jupiter Sebastiana Origem: São Paulo, Brasil Preço: R$ 49 (500ml) no Cateto Pinheiros

  Foto: Divulgação

Caras e enlatadas 

As queridinhas Dogma Rizoma, paulistana, e Hocus Pocus OverDrive, carioca, puxaram a fila dos rótulos caros, porém muito consumidos neste ano. Foram as IPA vedetes do mercado. O brasileiro não só perdeu o preconceito com a lata, como também já está achando que quanto mais embalagem de metal nas prateleiras, melhor, graças ao seu poder de conservação por isolar luz e vedar completamente a bebida.

O brasileiro está aprendendo que não é quanto mais amargor, mais legal, que a qualidade do amargor é mais importante do que a sua intensidade; que em alguns dias mais vale uma cerveja cara com lúpulo fresco e bem trabalhado do que uma mais barata com lúpulo velho e mal manipulado. Atrás das duas, tem vindo uma carreata. Tomara que não seja só pela carona do sucesso, mas pela consciência de que ter qualidade como prioridade desperta reconhecimento.

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Hocus Pocus Over Drive Origem: Rio de Janeiro, Brasil  Preço: R$34,90 (473ml) no Bro´s Beer 

  Foto: Divulgação

Gigante, sim, com muitas qualidades

O apetite insaciável da AB Inbev para a compra de cervejarias continua gerando polêmica a cada nova aquisição. Uma em cada três cervejas abertas no mundo é produzida pela AB Inbev. Cada nova compra reacende a discussão: a cerveja vai piorar, vai passar a levar milho na receita. Quem defende, aponta a disseminação da cultura cervejeira, como vantagem. Mas a dúvida é: quão difícil será conseguir ocupar o espaço aberto por ela, que é dona de bares, sites de venda, contratos… Não há consenso, mas existe o temor de que a AB Inbev vai dominar o universo. Ainda mais quando ela começa a produzir coisas legais por aqui, como as medalhistas de concursos, e a trazer ao País rótulos incríveis das marcas de fora, como é o caso da Goose Island Bourbon County, uma das mais cobiçadas Imperial Stout envelhecidas em barril de bourbon. No que vai dar? É esperar pra ver.

Goose Island Bourbon County Origem: Chicago, Eua  * Vieram 672 garrafas para o Brasil do último lote único do ano. Custava em torno de R$100 a garrafa de 500ml. Boa sorte para ainda conseguir provar alguma

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  Foto: Divulgação

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