Aos 37 anos, o português Miguel Ângelo Vicente Almeida é o veterano da turma jovem da enologia brasileira. E como um estrangeiro entrou na seleção? Almeida defende o vinho feito no País com mais paixão do que muitos brasileiros e ainda fazia parte da equipe “sub-30” quando assumiu um dos projetos mais ambiciosos da Miolo, a Quinta do Seival, há quase uma década. Lá é responsável por 18 rótulos feitos com 16 castas (14 francesas, 2 portuguesas e 1 espanhola), um terço da produção do grupo Miolo.
O engraçado é que, até 2003, não sabia que o Brasil produzia vinhos. Seu orientador da graduação veio ao País dar uma palestra e, ao voltar, sugeriu que ele tentasse um estágio no Rio Grande do Sul. Meses depois, Almeida desembarcava na Miolo.
Seu amor pelo Brasil é claro, e fica evidente que não suporta certo complexo de vira-lata nacional. “Brasileiro não gostar do que é brasileiro é algo que não entendo.” É também um defensor do vinho sem pompa, descomplicado, e discorda da terminologia natural. “O vinho é um ato humano. Natural é água. Sem o homem não tem vinho.”
Na Quinta do Seival, onde passa três meses do ano desde 2007, espera poder voltar a produzir o Sesmarias, editado nas vindimas excepcionais de 2008 e 2011. “Em 2011, eu ainda era muito temerário. Anseio por um grande ano”, diz ele, 17 vindimas no currículo.
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