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Suzana Barelli

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Le Vin Filosofia

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O vinho para a Festa Junina

Esqueça o vinho quente, confira dicas de rótulos e como harmonizar vinhos com as receitas típicas das quermesses

Esqueça o vinho quente, que para os puristas do mundo de Baco é até uma heresia. Lembre apenas que ainda tem a festa virtual de São Pedro antes de o mês acabar e que o cardápio das atrações juninas pode – e deve, por que não? – ter vinho. Ainda mais que entramos oficialmente no inverno, o período do ano em que mais se consome esta bebida no Brasil.

E não é difícil escolher rótulos para a ocasião. As muitas receitas à base de milho, a começar com as pamonhas e as canjicas, casam com vinhos brancos de textura mais macia, aveludada. Aqui, uvas como a conhecida Chardonnay e a portuguesa Encruzado são dois exemplos. A Encruzado, ainda, tem um outro atrativo: assim como estas Festas Juninas, ela tem origem portuguesa (é nativa do Dão), para quem gosta de harmonizar pratos e vinhos da mesma região. 

Não é preciso deixar o vinho de lado nas mesas juninas Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Entre os muitos Chardonnays, dois brasileiros entram na animação junina. O Chardonnay Reserva, da gaúcha vinícola Aurora, que é vendido por R$ 43, na Imigrantes Bebida. Mais complexo, o Chardonnay da jovem vinícola catarinense Thera sai por R$ 129 no site da vinícola. De Portugal, o rótulo A Descoberta, da Casa da Passarella, é elaborado com as uvas Encruzado e Malvasia e combina com a receita (R$ 151,51, na Premium Wines).

O pinhão, por sua vez, pede vinho tinto. Na versão tradicional, cozido, para comer à beira da fogueira, pode ser um vinho mais frutado, com poucos taninos. Duas opções, o Coteaux Bourguignons, elaborado com Pinot Noir e Gamay pelo produtor Chauvot Labaume (R$ 120, na Casa Flora) ou o Beaujolais Village, um 100% Gamay da Louis Jadot (R$ 157,14, na Todovino.com.br). 

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Na pipoca, sua crocância e o salgado casam com espumante – e o Brasil tem uma lista enorme de bons exemplares. Nas pipocas doces, outro dia o Felipe Campos, responsável pela carta de vinhos do restaurante Modi, me sugeriu um Zinfandel, a uva tinta e frutada que faz sucesso nos Estados Unidos (o Robert Mondavi Zinfandel sai por R$ 118,90, também na Todovino.com.br).

Nos doces, as harmonizações sugerem casamentos mais certeiros do que uma cartinha de correio elegante. Aqui é preciso sempre lembrar da regra primeira destas combinações: a doçura do vinho deve ser igual ou maior do que a do doce.

As receitas com amendoim, como as clássicas paçocas, combinam sempre com um Porto do estilo Tawny, com notas aromáticas que lembram frutas secas e em estilo oxidativo. “Vale mais a pena investir em um estilo 10 anos, e guardar na geladeira, do que comprar um tawny entrada de linha”, dá a dica Campos.

No caso, os 10 anos é uma categoria de vinho do Porto no qual o Tawny tem as características de um vinho que amadureceu por 10 anos em barricas. Um exemplo é o clássico Adriano Ramos Pinto. Na Bacco’s, o Tawny básico sai por R$ 176,40, e o 10 anos, por R$ 409,90. Se o bebedor for comedido, o vinho dura até um mês na geladeira.

Para o arroz doce, decorado com a canela, o sommelier Eduardo Sartori, presidente da ABS-Campinas, sugere vinhos doces italianos, como um vin santo ou um passito. Um exemplo é o Podere del Paradiso (R$ 250, na Casa Flora). “A canela é o elemento de ligação do doce com o vinho”, diz Sartori.

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Campos, por sua vez, sugere os chamados colheita tardia, quando as uvas são colhidas mais tarde e resultam em vinhos com certa doçura. A sugestão, pelas notas aromáticas, é com o argentino Terrazas Vineyard Cosecha Tardia, elaborado com a uva Petit Manseng (R$ 185, no Empório Frei Caneca).

No bolo de fubá, a ideia é abusar da versatilidade dos moscatéis de Setúbal, um coringa para muitas harmonizações. Se o bolso permitir, vale ir para o Moscatel Roxo, caso contrário o Moscatel de Setúbal traz uma nota cítrica à combinação. Na importadora PortusCale, que representa a vinícola Bacalhôa, o Roxo sai por R$ 269,90 e o Moscatel de Setúbal, por R$ 89,90. Outra opção são os moscatéis do produtor Horácio Simões, com preços de R$ 210,45 (o roxo) e R$ 86,79, o tradicional, na Adega Alentejana.

Nessa quadrilha de rótulos, há apenas um vinho cozido permitido, o Vin Cuit, infelizmente não disponível no Brasil. Aqui, na verdade, o mosto é cozido em baixas temperaturas para reduzir o líquido e concentrar os açúcares. É um vinho típico da Provence, no sul da França, mas difícil de ser encontrado fora de lá. “Acho que é a única região onde ferver o vinho dá certo”, brinca Campos

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