PUBLICIDADE

Bebida

Os garagistas brasileiros e seus vinhos artesanais

Os garagistas brasileiros e seus vinhos artesanaisFoto:

Por Guilherme Velloso

A expressão “garagista” foi criada pelo famoso crítico Robert Parker para identificar um produtor francês, Jean-Luc Thunevin, que começou a fazer vinhos literalmente na garagem de sua casa em St-Emilion. Hoje, designa micro ou pequenos produtores que fazem vinhos artesanais, em geral naturais ou orgânicos, em qualquer parte do mundo. O pequeno, mas fascinante, universo dos garagistas brasileiros, foi o tema da degustação conduzida pelo casal Lis Cereja e Ramatis Russo no 8° Paladar Cozinha do Brasil sob o tema “Os garagistas daqui: vinhos brasileiros que os brasileiros não conhecem”.

Lis e Ramatis são sommeliers e sócios na vida (são casados) e no trabalho. Juntos dirigem o misto de restaurante (Lis também cozinha) e loja de vinhos Enoteca Saint Vin Saint, no bairro da Vila Olimpia, em São Paulo. O restaurante não é grande, mas abriga aquela que é, provavelmente, a maior carta de vinhos de garagem, ou de pequenos produtores, feitos no Brasil, com mais de 35 rótulos, garimpados pelo casal em suas inúmeras viagens. Os vinhos apresentados na degustação têm produções que variam de menos de duas centenas a até oito mil garrafas.

+ ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA

FOTOS: Guilherme Gomes/Estadão

PUBLICIDADE

Em sua apresentação, Lis e Ramatis destacaram o esforço de muitos desses produtores, que produzem vinhos em pequena escala, sem qualquer apoio governamental e com pouco reconhecimento, inclusive dos próprios consumidores, por puro desconhecimento. E contaram um pouco da história de cada um, que conheceram in loco. “No coração desses produtores, bate uma paixão e não uma cifra”, definiu Lis, ressaltando que são os vinhos que mais vendem no restaurante.

Ramatis fez questão de destacar que alguns desses vinhos são feitos com uvas praticamente extintas em suas respectivas regiões de origem, como a Peverella, que chegou ao Brasil com os primeiros imigrantes italianos. E recorrendo a técnicas hoje praticamente abandonadas, como o uso de madeira brasileira (como a grappia) para o amadurecimento do vinho (para não alterar o sabor, os barris de madeira são revestidos de parafina). “Visitar esses produtores é como entrar num túnel do tempo”, comentou Lis. Como ambos destacaram, são vinhos feitos com o mínimo de intervenção no vinhedo e no próprio processo de elaboração. Às vezes, de forma até intuitiva, por produtores que não têm formação em enologia, mas grande identificação (e paixão) pelo que fazem.

Os vinhos servidos (quatro, no total) surpreenderam positivamente a plateia que lotou a sala onde ocorreu a degustação. O interesse pelo tema ficou claro em perguntas sobre as características desse tipo de vinho, especialmente em relação à conservação e se a bebida mantém a qualidade de uma safra para a seguinte. E também se podem ser bebidos sem grandes preocupações com o dia seguinte. “São vinhos sutis e delicados”, resumiram Lis e Ramatis.

Vinhos degustados:

De Lucca Peverella (sem safra)

PUBLICIDADE

Vinha Única “As Bacantes” 2014

Vinhética Terroir de Rouge 2014

Juan Carrau Cabernet Sauvignon 2009

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE