Pequeno manual para quem quer entrar no mundo dos chás
Aprenda a diferença entre chá, infusão e blend
23 de agosto de 2017 | 17:26 por Matheus Prado, O Estado de S.Paulo
Especial para o Estado
Para quem busca dar os primeiros passos no vasto universo dos chás, é importante deixar uma coisa bem clara logo de início: diferente do que aponta a crença popular, nem todas as infusões de plantas, flores, ervas e especiarias que bebemos são "chá". Entenda a diferença de chá, infusão e blend na galeria abaixo.
Pequeno manual para quem quer entrar no mundo dos chás
1 de 14Foto: Alex Silva/Estadão
Camellia sinensis
Diferente do que aponta a crença popular, nem todas as infusões de plantas, flores, ervas e especiarias que bebemos são chamadas de chá. Somente as bebidas que vêm da planta Camellia sinensis, de origem asiática, carregam verdadeiramente o nome. São eles os chás branco, verde, preto, Oolong (azul) e o Pu-erh. Eles diferem na forma de processamento e envelhecimento das folhas.Foto: Wikimedia Commons
Chá branco
O chá branco vem dos primeiros brotos e folhas da Camellia sinensis. Eles são colhidos e passam por processo de secagem, mas devem ser manuseados com cuidado para evitar que sofram qualquer tipo de dano ou oxidação. O resultado final é um chá delicado e com pouca cor.Foto: Alex Silva/Estadão
Chá verde
Proveniente da mesma planta, o que muda no chá verde é o preparo. Diferentemente do branco, ele passa por um cozimento, conhecido como fixação. Isso evita a oxidação das folhas.Foto: Alex Silva/Estadão
Chá preto
Com grande foco de produção na China, na Índia e no Sri Lanka, o chá preto passa por um processo de oxidação total, seguido da desidratação de suas folhas. Isso lhe confere um sabor encorpado e mais intenso. Outras características marcantes do chá preto são o alto teor de cafeína e a cor mais escura, que lhe confere o nome.Foto: Wikimedia Commons
Chá oolong (azul)
O chá oolong está objetivamente entre o verde e preto. Essa caracterização acontece porque é parcialmente oxidado na sua preparação. Esse nível de oxidação pode variar entre os 20% e os 80%, o que altera sua cor e seu sabor. Apesar de também ser conhecido como chá azul, não existe consenso sobre a origem de seu nome, já que a infusão não possui cor azulada. Uma possível explicação é de que as folhas, por não serem totalmente oxidadas, ficam em um tom azul escuro.Foto: Alex Welsh/The New York Times
Chá pu-erh
Mais uma variação da planta Camellia sinensis, o chá pu-erh é a versão envelhecida do chá verde. O que antigamente era feito naturalmente hoje também pode ser realizado de forma artificial. Ele passa por um processo de pós-fermentação, provocado por esse período entre a colheita e o consumo. Isso faz com que as suas versões mais antigas alcancem preços bem altos.Foto: Silvana Rossi/Estadão
Infusões
Se consultar um dicionário, verá que infusão é o processo de imersão de alguma substância aromática na água quente ou fervendo. Todas as variações de bebida conhecidas popularmente como chá, mas que não são feitas a partir da Camellia sinensis, são na verdade infusões. Cidreira, hibisco, camomila e muitos outros “chás” extremamente populares se encontram nessa categoria.Foto: Evelson de Freitas/Estadão
Blends
Essa também é uma terminologia bastante utilizada no universo dos chás. Os blends são misturas harmônicas entre chás, frutas, especiarias e flores, resultando em uma bebida com sabor e corpo únicos. Você pode, inclusive, tentar fazer a sua própria receita. Também vendidos como “chás” alguns desses blends são extremamente tradicionais e possuem histórias peculiares. A seguir, conheceremos algumas dessas combinações.Foto: Phil Noble/Reuters
Earl Grey
Essa infusão possui uma história de origem bem inusitada. A mistura entre chá preto e extrato de tangerina bergamota, foi criada no século XIX para presentear Charles Grey, então-primeiro-ministro britânico. O tributo segue uma tradição milenar asiática de homenagear líderes com nome de bebidas e blends.Foto: Suzanne Plunkett/REUTERS
English Breakfast Tea
Blend baseado em uma mistura entre vários chás pretos de diferentes origens, como o Quênia. No século XVIII, a Inglaterra só possuía duas grandes refeições por dia: o café da manhã e o jantar. Para diminuir o período de jejum, foi criado também o chá da tarde. Com a bebida já ocupando uma refeição, foi um passo rápido até o chá da manhã aparecer na alta sociedade. Criado originalmente na Escócia, chegou à Inglaterra para ocupar o cargo de bebida oficial do café da manhã.Foto: Dmitry Kostyukov/The New York Times
Russian Caravan
Mais uma mistura histórica na lista. O nome, caravana russa, homenageia os viajantes que levavam a camelo as folhas de chá da China até a Rússia no século XVII. O caminho de 6 mil quilômetros atravessava a Mongólia e era uma das portas de entrada da iguaria chinesa na Europa. Registros históricos apontam que as condições adversas e a quantidade de fogueiras acessas durante a viagem davam um sabor singular às folhas. Os chás preto e oolong são as bases do blend.Foto: Shailesh Andrade/Reuters
Indian Chai
O “chá” indiano ou Masala chai é um blend tradicionalíssimo em todo sul da Ásia. A bebida já existe na região há milhares de anos e teve sua receita alterada por várias vezes com o passar do tempo. Após a chegada do chá preto na Índia, a mistura foi tomando uma forma mais próxima do que é conhecida hoje em dia. As especiarias indianas seguem sendo as protagonistas da infusão. Gengibre e canela, e às vezes leite, harmonizam com o chá oxidado.Foto: Evelson de Freitas/Estadão
Morrocan Mint Tea
Conhecido em todo mundo como “chá” de menta, tem sua origem ou popularização no norte da África, a região do Magrebe. A bebida é uma tisana, ou seja, infusão de ervas denominadas medicinais. O “chá” é preparado com folhas de hortelã e chá verde em pó e é uma bebida extremamente tradicional do Marrocos.Foto: Getty images stockphoto
Próximos passos
Agora, aprenda a fazer seu próprio blend de chá em casa e confira dicas para fazer um bela xícara da bebida.
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