A gasolina da revolução cervejeira é a cerveja caseira. Cansados de beber cerveja ruim, aventureiros e aventureiras se lançaram às panelas. E as cervejas ficaram boas. O tempo passou. Elas ficaram ainda melhores. Resultado: hoje, algumas das melhores cervejas à venda nasceram de panelas caseiras – 2Cabeças MaracujIPA, DUM Petroleum, Morada Double Vienna, Júpiter APA…
A lista é longa. E só aumenta. Acabou de ser lançada a Jotabeer – a cervejaria de João Bellentani mostrou sua American Amber Ale na terça, vai lançar uma wee heavy para o inverno e promete uma belgian blonde até o fim do ano. A escolha dos estilos foi fácil: a amber ale levou bronze no concurso nacional da Associação de Cervejeiros Caseiros (Acerva) em 2013 e a wee heavy foi ouro em 2014. Esses concursos, estaduais e nacionais, apontam o que vem aí.
Em 2008, Edygil Pupo, da De Bora, ganhou o ouro de melhor IPA (prove a Poderosa). O Junqueira, da Morada, faturou o ouro em 2009 na categoria märzen. Anuar Tarabai, da F#%*ing, ganhou melhor cerveja estilo livre em 2012. Deu para entender, né? As cervejas são testadas nos concursos e em algum tempo estão nas prateleiras.
O próximo nacional será em junho, em Porto Alegre. Há duas semanas, a Acerva-SP fez seu concurso interno, aquecimento para o nacional. Ganhou a foreign extra stout de Fábio Belardinelli, que tem planos, ainda bem no começo, de lançar cervejas comercialmente.
FOTOS: Daniel Teixeira/Estadão
CAPITU AMBER ALE Origem: São Paulo (SP) Preço: R$ 20 (600 ml) As duas cervejas da Capitu (essa e a Tilted Barn) dividem a mesma e rara característica: têm algo a dizer, sem por isso serem chatas. Dão o recado sem tagarelice. Essa amber ale é uma aula de aromas e sabores de malte levemente tostado – chocolate, ameixa, bolo inglês – mas está longe de ser doce. É macia e tem um leve calor alcoólico. Combina com chuleta, farofa e noite fresca.
JOTABEER AMERICAN AMBER ALE Origem: Dobrada (SP) Preço: R$ 17 (310 ml) Um belo exemplar de cerveja que é fácil de beber sem, por isso, ser ligeira. O malte e o lúpulo são bem equilibrados. O lúpulo dá as boas-vindas, aparecendo de maneira marcante no aroma, e permanece até o fim do gole, com amargor elegante, que não pesa. O malta preenche a boca, com um agradável caramelo. Combina com bisteca e salada de rúcula e fim de tarde de inverno.