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Bebida

Reforce a cave (e duvide de milagres)

As liquidações anuais, em essência, aproximam os vinhos da capacidade de compra real do público. Não digo isso com mera nostalgia dos anos 1990 e dos tempos do dólar “um para um”. Mas por constatar que muitos dos preços praticados no cotidiano me parecem fora do planeta. Bota-fora, então, para mim, é o momento de refazer a adega, de se aventurar por coisas novas. Ou de só consumir sem a sensação de se estar aviltando a inteligência e o bolso. Salvo por alguns momentos de exceção ao longo do ano, é quando eu compro meus vinhos. Não encontro tudo de que gosto, claro. Mas compensa.

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+ Saiba comprar para não azedar

O maior inimigo da boa fruição de um bota-fora é a credulidade excessiva. Acreditar, por exemplo, que aquele Chardonnay 2002 (sem ser um grande da Borgonha), quase de graça, está realmente bom. Ou, num outro viés, é cedera um senso atávico de esperteza: olhar para um certo tinto danificado, baratinho, e identificar uma pechincha que só você percebeu… Liquidação de vinhos, é claro, embute riscos, guarda surpresas. Pode dar errado.

Mas não deve se transformar numa experiência vertiginosa. A menos que você queira flertar com o fantasma da oxidação a cada rolha sacada. Desde a última década, várias importadoras melhoraram as condições de armazenamento e evoluíram em atendimento especializado. No ano passado, por exemplo, durante uma liquidação, mais de uma vez fui alertado por algumas escolhas: “Melhor não comprar este. A gente provou antes, não está legal”. Algo diferente do espírito “se levar, é problema seu” que vigorava no início – embora o risco seja mesmo nosso. Portanto, tenha à mão a tabela de safras; não tenha dúvida em discriminar vinhos pela idade e pelo estado da garrafa; questione; não creia em milagres; mas mantenha alguma fé. E não fique apenas nos favoritos. Dê um passo além dos limites do seu mapa vinífero pessoal.

>> Veja todos os textos publicados na edição de 17/1/13 do ‘Paladar’

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