+ Saiba comprar para não azedar
O maior inimigo da boa fruição de um bota-fora é a credulidade excessiva. Acreditar, por exemplo, que aquele Chardonnay 2002 (sem ser um grande da Borgonha), quase de graça, está realmente bom. Ou, num outro viés, é cedera um senso atávico de esperteza: olhar para um certo tinto danificado, baratinho, e identificar uma pechincha que só você percebeu… Liquidação de vinhos, é claro, embute riscos, guarda surpresas. Pode dar errado.
Mas não deve se transformar numa experiência vertiginosa. A menos que você queira flertar com o fantasma da oxidação a cada rolha sacada. Desde a última década, várias importadoras melhoraram as condições de armazenamento e evoluíram em atendimento especializado. No ano passado, por exemplo, durante uma liquidação, mais de uma vez fui alertado por algumas escolhas: “Melhor não comprar este. A gente provou antes, não está legal”. Algo diferente do espírito “se levar, é problema seu” que vigorava no início – embora o risco seja mesmo nosso. Portanto, tenha à mão a tabela de safras; não tenha dúvida em discriminar vinhos pela idade e pelo estado da garrafa; questione; não creia em milagres; mas mantenha alguma fé. E não fique apenas nos favoritos. Dê um passo além dos limites do seu mapa vinífero pessoal.
>> Veja todos os textos publicados na edição de 17/1/13 do ‘Paladar’