Domingo, 17 de março, é dia de beber em homenagem a São Patrício. É assim que irlandeses e seus descendentes espalhados pelo mundo celebram o seu padroeiro. E a maneira tradicional de fazer o brinde é com um (bem, eles não costumam parar no primeiro) chope verde.
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Por danielmarques19/01/2016 | 23h24
São Patrício viveu na Irlanda no século 5º – foi escravo, pastor de ovelhas, fugiu para a França, onde se fez monge, e voltou para seu país, num 17 de março, para converter os irlandeses ao catolicismo. Por muitos séculos, o dia do santo foi celebrado a seco, com a resignação que pede a quaresma. Os pubs ficavam fechados e era numa ou outra feira (de cachorros a flores) que as pessoas se reuniam para beber cerveja, quando havia.
Enquanto nas terras do santo imperava a secura, do lado de cá do Atlântico, nos Estado Unidos, os descendentes (ou imigrantes) irlandeses enchiam suas canecas e pulavam pelas ruas do país vestidos de verde (Boston, Filadélfia e Nova York têm forte tradição irlandesa) para celebrar a data. Nos anos 1970, a história mudou também na Irlanda, que reconsiderou a resignação e abriu os barris.
A festa ganhou fama e a comemoração se espalhou de Dublin a Pequim (tem festa no The Kerry Hotel) – em Dublin, claro, dura mais: são cinco dias (de 14 a 18 de março). Em São Paulo, a celebração também já entrou para o calendário – confira abaixo os pubs que fazem festa.
A cerveja verde é tradição, mas a cor dela poderia ser outra. O santo já foi associado ao azul antes de ter o verde como cor oficial (uns dizem que por causa do trevo, que o santo associava à santíssima trindade, outros, por referências às paisagens naturais da Irlanda e alguns para homenagear a bandeira do país). Ficou o verde. Como por aqui chope verde é raridade, escolhemos um estilo tipicamente irlandês (por tradição ou pela associação da irlandesa Guinness) para a prova da semana – a stout. Não por falta de irlandês, mas por farto conhecimento de causa, convidamos o inglês Ryk Preen (que frequenta pubs desde a adolescência) para opinar sobre as cervejas. Eduardo Asta, infografista do Estadão e cervejeiro caseiro, também participou da prova que não se ateve a nacionalidades ou pureza de estilo. Provamos stouts de vários lugares.
COPOS TOSTADOS
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A cor preta e o tostado, no aroma e no sabor, definem as stouts. Mas podem aparecer também chocolate amargo, café, biscoitos e caramelos logo que a cerveja vai para o copo. O estilo é derivado da porter – e não é difícil confundi-las, principalmente quando estão lado a lado receitas ousadas que apostam em aromas comuns aos dois estilos. Na dúvida, confie nos olhos: as stouts são mais escuras e opacas (de marrom quase preto a preto).
Dentro do estilo há seis variações, segundo a organização de cervejeiros dos Estados Unidos para padronização de tipos de cerveja, Beer Judge Certification Program (BJCP). Dry stout é seca, amarga e cremosa; sweet stout é parecida com a dry, mas geralmente leva açúcar para intensificar a doçura da bebida; oatmeal stout de bastante corpo e sabor, às vezes discreto, de aveia, grão que também vai na receita; foreign extra stout, difícil de encontrar no Brasil, tem corpo médio, espuma bem cremosa e teor alcoólico mais alto que as três primeiras; american stout, lupulada, amarga e com gosto forte de torrados; e russian imperial stout, a mais complexa do grupo, tem aromas mil, é frutada, agridoce, lupulada e bem alcoólica.
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* Stouts se parecem, mas a repetição do texto da Del Ducado Oatmeal Stout na De Molen Hel & Verdoemis na edição impressa foi falha nossa.