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Tintos sicilianos valem a procura

Por Eric AsimovThe New York Times

Tintos sicilianos valem a procuraFoto:

O mundo do vinho mudou espantosamente nos últimos 20 anos. Existe hoje uma profusão de maravilhas que seria difícil prever na virada do século.

A Sicília sempre foi uma prodigiosa fonte de vinhos – e isso trouxe também problemas. Vinhos ruins e baratos jorravam em grande quantidade: tintos pesadões, brancos sem personalidade, vinhos doces que se escoravam em nomes famosos – Marsala, Moscato di Pantelleria, Malvasia delle Lipari – e raramente correspondiam a eles.

Hoje a Sicília é uma das regiões mais entusiasmantes do mundo em matéria de vinhos – principalmente os tintos, não mais pesados, mas frescos e vivos, e também os brancos, em particular os da rústica uva Carricante, do Monte Etna. E o que causou essa explosão? Em parte, uma nova e enérgica geração de produtores que se voltou para as uvas originárias da ilha – quando muitas regiões capitalizavam a preferência mundial por Chardonnay, Merlot e Cabernet Sauvignon.

Vinhos muito pesados e fortes vêm dando lugar a produtos mais leves, delicados e cheios de sofisticação. O gosto do consumidor está mudando. E isso favoreceu os produtores sicilianos, sobretudo os das vertentes do Etna, no leste da ilha, e dos arredores da cidade de Vittoria, no sudeste.

Primeiro colocado. O Sicilia Rosso 2009 da Lamoresca é picante, terroso e estruturado. FOTO: Aryane Cararo/Estadão

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Os tintos do Etna têm chamado mais atenção. Eles se baseiam na uva Nerello Mascalese, com contribuição ocasional de sua irmã Nerello Cappuccio. De espírito semelhante são os da região de Vittoria, em geral feitos com uma mistura de uvas Frappato e Nero d’Avola.

Para entender melhor o que está ocorrendo nessa parte da ilha, nosso grupo de especialistas degustou uma seleção de cortes e vinhos que levam a uva Frappato. Normalmente, o coordenador de degustações, Bernard Kirsch, trabalha com 20 garrafas. Mas são tão poucos os produtos da região de Vittoria importados pelos EUA que só dispúnhamos de 16 garrafas. Florence Fabricant e eu participamos da degustação, ao lado de Francesco Grosso, diretor de vinhos do Marea, e Patrick Cappiello, da Pearl & Ash, ambos em Nova York.

Apesar do pequeno número de produtores, descobrimos uma seleção fantástica. Os melhores vinhos pareciam quase vibrar com a tensão entre sabores de frutas amargos e doces, uma característica italiana. Muitos também tinham toques saborosos, picantes, defumados ou minerais, combinados com texturas graciosas e vivas.

FOTO: Divulgação

Nossos três melhores foram combinações juntando o vigor terroso da Nero d’Avola e o frescor floral vivificante da Frappato. O primeiro colocado, o Sicilia Rosso 2009 da Lamoresca, era picante, terroso e estruturado. O segundo foi o SP68 2012 da Arianna Occhipinti, fresco, brilhante e surpreendentemente complexo em se tratando de um vinho que deve ser tomado jovem. O terceiro, o Pithos Rosso 2011, da COS, era maravilhosamente fragrante, com sensação peculiar de umami.

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Os próximos três eram Frappatos, com uma mínima porcentagem de outras uvas locais. O nº 4 foi o Vittoria Frappato 2012 da Valle Dell’Acate, floral, harmonioso. Em seguida, o Nerocapitano 2011da Lamoresca, vivo, gracioso e equilibrado, seguido pelo energético Arianna Occhipinti 2011.

Em minha opinião, esses quatro produtores são as estrelas da região. Mas os vinhos restantes, todos Cerasuolos di Vittoria do Feudo di Santa Teresa, Manenti, Gulfi e Planeta, também valem uma busca.

/ TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 29/8/2013

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