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FOTOS: Fernando Sciarra/Estadão
O barista, formado em história, filosofia e teatro, modula a voz com habilidade para contar a própria história. O café apareceu depois que ele foi demitido do emprego de professor de um colégio, por volta de 2003. “Ninguém tinha experiência nem sabia o que era barista ou torra. Eu vinha de um período meio junkie. Aí mergulhei no café.”
Otávio empolga-se ao contar a paixão pela bebida e o princípio que guia seu trabalho: “Fazer a população do maior produtor de café do mundo, mas analfabeta sobre a bebida, entender e valorizar o que vai na xícara”.
Ele estudou firme sobre a bebida, praticou o que aprendeu no Lucca, em Curitiba – um dos primeiros cafés a ter variedades especiais do País– e chegou a campeão brasileiro de baristas em 2005. Foi viajar e participou do campeonato mundial, quando conheceu a turma dinamarquesa do Coffee Collective, a vanguarda do café no mundo. Trabalhou por lá, voltou. “Ali vi o lado humano do café, não só o técnico”, diz Otávio, com a eloquência teatral característica de sua fala.
O teatro o levou a participar, em 2009, da primeira turma da escola do dramaturgo Roberto Alvim, um dos expoentes do teatro contemporâneo brasileiro, em Curitiba, ao lado do parceiro de editora e escritor Luiz Felipe Leprevost. Foram tempos intensos, lembra.
Intensos como tudo parece ser para Otávio, que diz não ter nenhuma vontade de deixar Curitiba. “Tem um coisa neurótica e velada aqui que fomenta uma inventividade poética – que deu, por exemplo, um Leminski”, diz o barista-escritor-editor-dramaturgo. “Minha paixão é por quem inventa. E tem muita coisa para inventar – no café, na literatura, no teatro.”
SERVIÇO – Rause Café e Vinho Al. Dr. Carlos de Carvalho, 696, Centro, Curitiba Tel.: (41) 3024-0696