PUBLICIDADE

Bebida

Três dias de sangue, suor e drinques

Competição em Londres reuniu 21 bartenders de todos os cantos do planeta

O tailandês Arron Grendon foi o grande vencedor. Foto: Daniel DucrosFoto: Daniel Ducros

Não é parecido com um reality show, mas a competição entre bartenders até poderia se enquadrar dentro de um roteiro desses da televisão. Na semana passada, em Londres, um grupo formado por 21 pessoas de diversas partes do mundo - do Peru à Polônia, da Tailândia ao Brasil - estava para lá de ansioso. Por volta das 21h de uma quinta-feira abafada do verão europeu, esse grupo conheceria quem entre eles seria o vencedor de um concurso entre bartenders organizado por uma das mais tradicionais fabricantes de uísque, a Chivas Regal.

Campeonatos desse tipo não são exatamente uma novidade no mercado. Grandes empresas como Diageo e Pernod Ricard, que administram incontáveis marcas de bebidas, organizam esses concursos como uma maneira de promover seus produtos e, claro, oferecer aos bartenders uma oportunidade para que eles possam mostrar seu talento e criatividade no momento de preparar um drinque. Para quem participa, a tensão é igual a da Copa do Mundo, com direito a drama, alegria e frustração.

O tailandês Arron Grendon foi o grande vencedor. Foto: Daniel Ducros

Pois bem, o desafio final, permeado por todas essas emoções, começou na terça-feira passada, dia 26. Após desembarcarem vindos da Escócia - onde visitaram a lendária Strathisla, a destilaria mais antiga da Escócia e que data de 1786 -, os bartenders mal tiveram tempo de abrir suas malas; algumas bagagens, inclusive, sequer chegaram a Londres por conta de um erro da companhia aérea que as transportou. 

Rapidamente, tudo de caso pensado, eles foram colocados pela organização do concurso em uma sala ampla, com uma extensa varanda onde era possível observar o bairro de Shoreditch, famoso pelas galerias de arte, pequenas livrarias nas quais o entusiasta por livros tem vontade de fixar residência e, mais recentemente, ambiente para uma consistente e animada vida noturna.

PUBLICIDADE

Lá, foram apresentados ao primeiro desafio: teriam de servir, sem muito tempo de preparação, os drinques que os levaram até a final internacional em Londres para os quatro jurados da competição: Matt Whiley, fundador de um restaurante em Londres que preza pelo mínimo desperdício; Bea Bradsell, que produz a London Cocktail Week; JJ Goodman, espécie de personalidade local da cena londrina de bares; e Laura May Cooper, co-fundadora de uma agência especializada em mídias sociais.

A escolha dos jurados, se os participantes da etapa final do concurso prestassem atenção, indicava que eles seriam avaliados não apenas pelos seus drinques, mas também por outras habilidades. E assim foi durante os três dias. Desafios, mais desafios, tensões, alegrias, frustrações… Eles tinham de preparar seus drinques, mas também foram desafiados a mostrar suas habilidades nas redes sociais e, como última barreira a transpor, precisaram montar um pop-up bar no local do evento que escolheria o grande vencedor - do conceito aos drinques, eram dois por estação, que eles serviriam.

A essa altura, o grupo de 21 postulantes ao título já havia sido fragmentado. Apenas três profissionais estavam na final - o tailandês Arron Grendon, o francês Louis Lebaillif e o checo Filip Jancárek. Mas em um esforço para manter todos entretidos, e para não desgrudar do tema do campeonato - comunidade -, os organizadores fizeram com que esses três bartenders fossem os líderes das três equipes compostas pelos outros 18 bartenders.

Alex Alves Sepulchro, do Frank Bar, foi o representante brasileiro na competição. Foto: André Clark

“Agora que você falou, hoje está muito com cara de reality, principalmente pela competição”, comentou Alex Alves Sepulchro, de 27 anos, no dia da montagem do bar. Segundo no comando do Frank Bar, instalado no tradicional hotel Maksoud Plaza, ele foi o representante brasileiro no Chivas Masters. Naquele momento, o terceiro dia de competições, Alex e seus companheiros tinham a tarefa de construir a partir do zero, mas com a ajuda de especialistas, um bar para atender os convidados da premiação final. Era, naquela tarde de quinta-feira (28) em Bethnal Green, a parte final da primeira experiência internacional de Alex Alves como bartender. 

PUBLICIDADE

A trajetória dele começou alguns anos antes, quando bolsista do curso de hotelaria do Senac, foi trabalhar no Hilton. Ele passou por diversas áreas do hotel até se fixar, a partir de uma oportunidade de contratação, como ajudante de bar. De lá até Londres, foram mais ou menos cinco anos de desenvolvimento em uma profissão, que como ele mesmo diz, o escolheu. Por isso, o jovem brasileiro não ligava exatamente para ganhar. “Eu levo experiências. Minha apresentação aqui não foi como a que eu fiz no Brasil”, analisou, algo resignado.

Alex, o barman que é o orgulho da dona Lusinete de Interlagos 

Correndo para ajudar os colegas na preparação do bar, Alex ainda resumiria o que talvez o tenha feito perder o concurso. “Eu sou um cara que primeiro observo para depois me soltar. Tudo era novo e estar aqui em Londres era um objetivo profissional e pessoal”, afirmou o brasileiro que foi criado no bairro de Interlagos, zona sul de São Paulo, e que presenciou a escolha do jovem tailandês, Arron Grendon, como grande vencedor da semana. O coquetel dele, chamado The Grind, levava Chivas Extra, 15 mililitros de Fino Sherry, que é um vinho seco branco, creme de arroz e coco, um pedaço da planta de cana e, finalmente, xarope de banana. Como eles dizem em Londres, Cheers, mate!

* O jornalista viajou a convite da Pernod Ricard

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE