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Comida

A cozinha vista por Todd Selby

Livro do fotógrafo de estilo do New York Times captura o momento atual da gastronomia, em que mestres vinhateiros transformam-se em pensadores e chefs viram embaixadores da cultura regional

A cozinha vista por Todd SelbyFoto:

Por Olívia FragaEspecial para o Estado, do Nova York

Edible Selby é livro que se julga pela capa. O homem de barba por fazer, avental na cintura e mirada firme é Eric Werner, dono do restaurante a céu aberto Hartwood, em Tulum, México. À frente, uma mesa de madeira parece vergar de tanto peso: vaso de planta, tempero, tomate, pimentão, prato, azeite em vidros de ketchup. Atrás, o forno a lenha e a churrasqueira estão em plena combustão. Bagunçada e cálida, a foto dá fome. É o que o autor, o fotógrafo Todd Selby, queria.

Lançado no final do ano, o livro é o segundo de Todd Selby, fotógrafo de estilo do New York Times. Seu trabalho anterior, The Selby is in your Place, reunia casas e estilos de vida, trabalho que o fez mundialmente conhecido. De cinco anos para cá, sentindo o vento soprar em outra direção, Todd Selby passou a visitar queijeiros, vinhateiros, padeiros, pescadores, cozinheiros, boleiros, fazendas e restaurantes.

O trabalho captura o mundo da comida de hoje, em que famílias podem ser vistas como parte de um movimento de resistência, mestres vinhateiros transformam-se em pensadores e chefs viram embaixadores da cultura regional. O culto ao artesão, ao ingrediente, ao feito à mão e à celebração do alimento são o grande tema do livro.

O livro é uma síntese, também, do que se tornou o movimento foodie. Os destinos de Selby são os obrigatórios: França, Itália, Japão, Escandinávia. Mas há México, Brasil, Chicago e Portland. São 45 personalidades do mundo da comida – Alex Atala e o D.O.M. são o segundo capítulo. Desenhos, ímãs de geladeira, aquarelas e um questionário feito à mão por ele, e respondido também à mão pelo fotografado, conectam o livro ao espírito da época – o artesão é multitarefa, vira poeta, filósofo e desenhista nas páginas rabiscadas de caneta colorida. Selby é também entrevistador e repórter. Quando saiu da fazenda Yoshida, em Tóquio, Selby voltou para casa com um questionário respondido em japonês (e o publicou assim).

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+ ENTREVISTA: O mais difícil é não atrapalhar+ COMENTÁRIO: Alguém escreveu meu livro!

LEITURA EM QUATRO TEMPOS Questionários, aquarelas, ímãs de geladeira, desenhos – e fotos – ligam o livro ao espírito da época: exaltam o prazer de comer.

Chefs | Selby retrata cozinheiros e pede receitas (rabiscadas de próprio punho). Na foto, Cake man Raven.

Ambientes | Alguns dos mais criativos lugares em que se vende comida aparecem na obra. Este abaixo é no subúrbio de Nova York.

Pratos | A torta de maçã de duas irmãs no Brooklyn: delícias do mundo ganham cores vivas na página.

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Rabiscos | As entrevistas que pontuam o volume são feitas à mão, com canetinha hidrográfica. A caligrafia revela o gesto.

FOTOS: Reprodução

EDIBLE SELBY Autor: Todd Selby Editora: Abrams Books (296 págs., U$ 21, na Amazon.com)

>> Veja todos os textos publicados na edição de 10/1/13 do ‘Paladar’

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