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Comida

A gastronomia está toda prosa

Livros sobre dois dos mais famosos restaurantes do mundo – D.O.M. e Noma – monopolizaram atenções na Feira de Frankfurt, onde despontaram tendências; o próximo passo é a expansão do mercado de e-books de cozinha

A gastronomia está toda prosaFoto:

Por Rafael TononEspecial para o Estado, de Frankfurt

A diversificação dos títulos de comida e bebida pelos estandes da Feira de Frankfurt comprova o crescimento do setor e aponta tendências. Muito além das receitas, hoje o mercado editorial gastronômico tem livros para quem gosta de coquetelaria, vinhos, e até para o público infantil (subnicho em alta).

Há títulos também para todos os bolsos, entre eles Ma Cuisine Française, do chef francês Yannick Alléno, publicado no ano passado pela editora de luxo Laymon, que custa A 1,5 mil – é o livro de gastronomia mais caro do mundo. E tem gente que compra. Mas o que vende mesmo são os outros. “Os livros de cozinha fácil e rápida, com preços entre US$ 20 e US$ 30 representam 50% do mercado”, diz Edouard Cointreau, do World Cookbook Awards.

O que está em alta? Chefs-celebridade, com programas de TV e suas fotos estampadas na capa do livro. “Os livros com fotos de pessoas na capa dobraram em 2012, em comparação a 2011”, diz Cointreau. Um dado curioso é que 66% dos chefs homens têm sua foto na capa, ante apenas 50% das mulheres.

Livros de luxo também são tendência. “Hoje, fotógrafos de comida ganham mais do que cozinheiros-autores”, diz, citando o brasileiro Sérgio Coimbra (que fez as fotos do livro de Alex Atala). A cozinha de países ainda pouco explorada, como a russa, também está em alta.

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Outro retrato do momento? O livro digital ainda vai pouco à cozinha: apenas 5% dos e-books vendidos no mundo são e-cookbooks. “Isso mostra que ninguém conseguiu ganhar dinheiro com eles.” A editora alemã Caramelized é exceção. Dedica-se a digitalizar obras convencionais. Fundada em 2012, a pequena empresa de Hamburgo já colocou 16 livros na plataforma digital. A expectativa é digitalizar 100. “O leitor pode ajustar os ingredientes, mexer na receita, adaptar”, conta Jörn Schoppe, um dos sócios, que diz ter sido procurado por uma grande editora brasileira na feira. “É um mercado enorme que deve se consolidar em 2014, segundo nossas pesquisas.” A depender da vontade deles, a nova onda editorial da gastronomia será digital.

5 destaques da Feira de Frankfurt

FOTOS: Divulgação

Fórmula de sucesso Receitas fáceis de chefs famosos é combinação certeira. Melhor se o chef tiver programa de TV. “As pessoas querem crer que podem cozinhar como uma estrela da TV”, diz Edouard Cointreau, presidente do World Cookbook Awards. Por isso, o italiano Carlo Cracco vende tão bem. Seu livro Se vuoi fare il figo usa lo Scalogno (Se você quer fazer bonito, use echalotas, em tradução livre) é um dos lançamentos da italiana Rizzoli.

Coquetelaria Reflexo do revival dos drinques, a coquetelaria foi um dos destaques da Feira de Frankfurt. A arte de combinar ingredientes nos copos é uma das promessas do mercado para o ano que vem, em títulos como o livro Das Geheime Cocktail Buch (O Livro dos Segredos do Cocktail, em tradução livre), lançado pela editora alemã Gestalten. Outras bebidas em alta são cerveja e uísque. O vinho continua presente, é claro.

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Nicho do nicho A gastronomia não é mais apenas um nicho no mercado editorial: é um segmento que, por sua vez, deu origem a vários nichos. “Ingredientes, técnicas de cocção ou formas de preparo estão ganhando livros próprios”, afirma a editora americana Dianne Jacob. A berinjela, as terrines, a charcuteria… A pâtisserie também esteve em alta neste ano em Frankfurt, com lançamentos como The New Pâtissiers, da inglesa Thames & Hudson, que apresenta quem são os novos profissionais de destaque na área no mundo hoje.

Cozinhas (ainda) desconhecidas Há uma série de livros de cozinhas de regiões que não estavam no radar culinário recente. Líbano, Lituânia e até Rússia ganharam terreno. Bom exemplo é o lançamento da americana Black Swan, Mastering the Art of Sovietic Cooking (Dominando a Arte da Cozinha Soviética), em que mãe e filha relembram o século 20 na Rússia soviética por meio de suas receitas.

Um restaurante na sua cozinha As editoras investem cada vez mais em livros de restaurantes. E não são apenas os mais bem colocados no ranking dos melhores do mundo. Bom exemplo é o uruguaio Parador La Huella, 20º na lista da Restaurant para a América Latina, que virou livro da argentina V&R editores.

LEIA MAIS:+ The book is at the table

>> Veja a íntegra da edição do Paladar de 17/10/2013

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