PUBLICIDADE

Comida

A história do Reffetorio de Massimo Bottura em Milão chega à Netflix

O documentário de Peter Svatek mostra o início do Reffetorio Ambrosiano, restaurante aberto na periferia de Milão para fazer chefs-celebridade cozinharem para pessoas carentes e com as sobras de alimento da Expo 2015

O chef Massimo Bottura finalizando os pratos no Reffetorio Gastromotiva no Rio de Janeiro. Foto: Dado Galdieri|The New York TimesFoto: Dado Galdieri|The New York Times

Especial para o Estado

E se cozinharmos para pessoas que não nos conhecem? E se déssemos comida para os pobres? E se fosse uma cozinha abastecida com os restos da Exposição? Com essas ideias, o chef italiano Massimo Bottura, do premiado restaurante Osteria Francescana, em Modena, e sua esposa, Lara Gilmore, deram início ao Reffetorio Ambrosiano, um projeto social em Milão que reuniu chefs estrelados (e amigos) para dar uma nova vida a alimentos que seriam desperdiçados, transformando as sobras da Expo Milano 2015 em alimento para moradores de rua - o projeto acabou inspirando o Reffetorio Gastromotiva, no Rio, que numa parceria entre Bottura e a ONG do chef David Hertz, começou transformando sobras das Olimpíadas em refeições para pessoas carentes. A empreitada em Milão foi retratada no documentário “Massimo Bottura: Teatro da Vida”, de Peter Svatek, lançado em 2016, e que agora está disponível no catálogo da Netflix.

O chef Massimo Bottura finalizando os pratos no Reffetorio Gastromotiva no Rio de Janeiro Foto: Dado Galdieri|The New York Times

A narrativa do filme mescla o início dos trabalhos do chef durante a Exposição mundial em Milão em 2015, em que o tema era “alimentar o planeta, energia para a vida”, com a história de vida de pessoas carentes, como uma refugiada da Nigéria, um ex-viciado em crack, e um casal morador de rua, que passaram a frequentar o refeitório. 

Há ainda a presença de chefs-celebridade, como René Redzepi (Noma), Ana Roš (Hiša Franko), Yoshihiro Narisawa (Narisawa), Virgilio Martinez (Central), Joan Roca (El Celler de Can Roca), Gastón Acurio (Astrid y Gastón), Mauro Colagreco (Mirazur), Daniel Humm (Eleven Madison Park), Andoni Luis Aduriz (Mugaritz), e os brasileiros Alex Atala (D.O.M) e David Hertz (do projeto Gastromotiva), e as criações gastronômicas de cada um. 

PUBLICIDADE

“A ideia é justamente um exercício rápido de pensamento criativo, usando o que está disponível. O mundo está de olho nos cozinheiros. E temos a responsabilidade de agir eticamente”, diz Joan Roca. “Trabalhar com descartes é ótimo. Você não sabe o quanto consegue extrair de um produto até chegar em uma condição como esta”, diz Virgílio Martinez. “A comida serve para isso. Para dar a eles um momento de paz e alegria. É o que podemos fazer para que eles se sintam bem”, diz Andon Luis Aduriz. 

O brasileiro David Hertz falou sobre o trabalho da ONG Gastromotiva no documentário Foto: Heloisa Mello|Divulgação

Para Bottura, “a culinária do futuro não pode servir apenas a uma pequena elite abastada. Claro que ela sempre vai existir, mas teremos outra luta. Não podemos usar nossa capacidade para servir ao nosso ego, para criar pratos com significado estético extraordinário. Devemos criar pratos com significado ético extraordinário”, diz o chef, cujo restaurante ostenta três estrelas Michelin e a posição de melhor restaurante da Itália pelo ranking 50 Best.

A ideia era fazer o Reffetorio funcionar além da Expo 2015, permanecendo em Milão e servindo de exemplo. Deu certo. Hoje, a casa continua em funcionamento e é administrada pela Caritas Ambrosiana, um órgão ligado à Igreja católica. Massimo Bottura: Teatro da Vida Documentário, 2016 Direção: Peter Svatek Duração: 93 minutos

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE