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A primeira mulher classificada no Bocuse D'Or Brasil

Giovanna Mayer Grossi tem 23 anos e passou em etapa nacional da competição que é considerada a Copa do Mundo da gastronomia

A primeira mulher classificada no Bocuse D'Or BrasilFoto:

Esta jovem da foto ganhou, na sexta-feira passada, o Bocuse D’Or Brasil, etapa nacional da competição que é considerada a Copa do Mundo da gastronomia e que se realiza a cada dois anos em Lyon, na França.

Giovanna Mayer Grossi tem 23 anos e está aberta em sorrisos porque foi fotografada horas antes de o seu nome ser chamado ao microfone pelo francês Laurent Suaudeau; após o anúncio, ficou aturdida, parecia ter entrado em transe, com a plateia urrando por ela; desceu do pódio para falar com a imprensa e aí desatou a chorar.

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Giovanna Grossi, 23 anos, vai representar o Brasil na etapa América Latina do Bocuse D’Or, no México, em fevereiro do ano que vem. FOTOS: Ana Paula Boni/Estadão

Tamanha emoção é justificável. É a primeira vez que uma mulher vence a seletiva brasileira do Bocuse D’Or, realizada no país desde 1989 e que já levou a Lyon chefs hoje de renome, como Jefferson Rueda. De lá para cá, apenas duas mulheres conseguiram disputar a etapa. Em 2009, a primeira foi Meiga von Liebig, 48 anos, de Recife, que na semana passada circulou pelo evento e fez questão de cumprimentar Giovanna pelo feito. Duas nordestinas.

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Natural de Maceió, Giovanna fez gastronomia na Anhembi Morumbi e, ao terminar o curso, com quase 20 anos, resolveu não trabalhar no restaurante do pai e foi morar fora. Fez um curso de cinco meses no Institut Paul Bocuse, em Lyon, terra natal do criador do Bocuse D’Or, o lendário Paul Bocuse, que completa 90 anos no próximo ano e detém três estrelas “Michelin” por ininterruptos 50 anos.

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Giovanna e Meiga von Liebig

Depois ela morou em Paris, voltou para Lyon, trabalhou para casas premiadas, como a Maison Pic, de Anne-Sophie Pic. Pulou para a Espanha, estudou confeitaria e trabalhou no restaurante de sobremesas Espai Sucre e no Quique Dacosta.

Mesmo depois de ter deixado o Quique, o estrelado chef espanhol a convidou para vir a São Paulo ajudá-lo no jantar que ele fez em março em prol da Gastromotiva. Foi mais ou menos na época que ela soube das inscrições para o Bocuse D’Or Brasil. Resolveu apostar.

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Quando soube que estava entre os oito candidatos selecionados, voltou da Espanha em setembro direto para o Rio, onde treinou durante um mês com o chef Erik Nako, que na competição foi o seu coach – sempre de olho no relógio e no cronograma que eles tinham montado. Erik, da Prima Bruschetteria, lhe foi indicado pelo chef Paulo Machado, de Campo Grande (MS), que havia conhecido Giovanna em Lyon, no Institut Paul Bocuse.

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O chef Laurent Suaudeau e Giovanna Grossi, a primeira mulher a vencer a etapa nacional do Bocuse D’Or.

A garota ganhou a competição servindo pescadinha com musse de beterraba, nhoque de chuchu e infusão de chuchu com gengibre, e miolo de alcatra envolto em ora-pro-nóbis servido com arroz cremoso e mil-folhas com camadas gelatinosas de acerola e de Catupiry. Teve 5h35 para preparar os dois pratos, avaliados por dez jurados, entre eles Alex Atala, Jérôme Bocuse (filho de Paul Bocuse), Roberta Sudbrack e Emmanuel Bassoleil.

“Não foi fácil vencer. Passei um mês treinando para a perfeição. Não é uma cozinha de casa, que você faz de qualquer jeito”, disse Giovanna ao Paladar. “Eu não imaginava que ia ganhar, meus concorrentes eram muito bons, muito experientes.”

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Ter passado por essa etapa, que ocorreu dentro da feira Sirha, no Rio, na semana passada, rendeu à jovem um prêmio de R$ 10 mil. Mas ainda há muito chão pela frente até 2017.

A partir de agora, ela será treinada por Laurent Suaudeau em sua escola em São Paulo para a etapa América Latina, que será em fevereiro do ano que vem no México. Dos 21 países que irão para a final na França, em 2017, apenas três serão da América Latina; quem vencer em Lyon ganha 25 mil euros.

* A repórter viajou a convite da GL Events, organizadora do Sirha

>> Veja a íntegra da edição de 22/10/2015

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