A terceira edição do MAD, simpósio realizado em Copenhague e que reúne os melhores chefs e pesquisadores de gastronomia do mundo, terminou há poucas horas – e com polêmica: Alex Atala matou uma galinha em público, durante a palestra intitulada “Death Happens” (a morte acontece, em português). As fotos da apresentação circularam pelas redes sociais e causaram frisson: enquanto alguns consideraram a atitude “desnecessária” e “cruel”, outros elogiaram a coragem do chef.
Neste ano, o evento teve como tema “Guts”, ou como definiu o idealizador do evento, René Redzepi, “histórias e ideias que ninguém se atreve ou tem a oportunidade de dizer”. Em inglês, “guts” pode significar tanto “coragem” quanto “tripas” ou “estripar”. Instigados pelo tema, outros chefs também se atreveram, como Atala, e percorreram caminhos semelhantes em suas apresentações. Caso do italiano Dario Cecchini, um dos açougueiros mais famosos do mundo, que estripou um porco que estava pendurado acima do palco. Cecchini, que por pouco não foi veterinário, confessou durante o MAD que aprendeu adorar o “odor da morte”. Apesar da maneira literal com a qual tratou o assunto, falou em “carnivorismo consciente” e respeito aos animais.
Atala levou o nome de sua aula estampado na camiseta: “Death Happens”. FOTO: Reprodução/@madsymposium
O MAD aconteceu em Copenhague nos dias 25 e 26 de agosto.
Roy Choi, chef de Los Angeles que se notabilizou por servir uma fusão inédita das cozinhas coreana e mexicana em carrinhos de rua, fez uma apresentação provocativa, com um apelo universal: “Este evento tem a intenção de despertar a coragem e a urgência. Eu quero que vocês, chefs, façam algo pela fome no mundo”.
Idealizado por René Redzepi, chef do Noma, com curadoria de David Chang, do Momofuku, de Nova York, o MAD Symposium acontece desde 2011 na capital da Dinamarca e se propõe a discutir o “passado, presente e futuro de tudo que há de relacionado a comida”. Na primeira edição, o tema foi “vegetação”, com o foco na origem dos alimentos e seus diferentes modos de produção. Em 2012, foi a vez de “apetite”, sobretudo no que se refere à “intuição que direciona nossa rotina diária e inspira nossa criatividade”.
Para manter a total independência das discussões, Redzepi não aceita patrocínio de nenhuma empresa do setor alimentício e realiza o evento com a ajuda de doações. O MAD foi transmitido em streaming pela internet e, em algumas semanas, vídeos de todas as apresentações estarão disponíveis no site oficial.