Publicidade

Publicidade

Comida

Aqui só tem batata quente

Não adianta investir no bacalhau. Se as batatas não estiverem no ponto, não há Gadus morhua que segure o prato. Por isso reunimos especialistas para traçar um manual batateiro com preciosas dicas de preparo

Aqui só tem batata quenteFoto:

Colaborou Cíntia BertolinoEspecial para o Estado

O bacalhau desta sexta já deve estar de molho e você possivelmente já decidiu como é que vai prepará-lo. O que você talvez não saiba é que o sucesso de sua receita depende muito da batata. É que mesmo com todo o jeitão de coadjuvante, se não for bem feita, ela acaba arruinando a festa. Não há bacalhau à brás que resista a uma porção de batata palha encharcada de óleo e murchinha.

E o que diria José Luis Gomes de Sá se visse o prato que criou no século 19 chegar à mesa com o peixe desfiado, as cebolas, azeitonas e o alho, exatamente como ele preparava no restaurante Lisbonense no Porto, mas com as batatas cruas?

Está explicado por que, nesta Páscoa, resolvemos transformar a batata em protagonista – e zelar para que seja preparada da maneira correta.

Caso antigo. Os descobridores do Novo Mundo levaram as batatas dos Andes para a Europa, de onde se espalharam pelo planeta. Encantados, os portugueses fizeram do tubérculo a principal companhia do bacalhau. A dupla convive bem há séculos e ganha notoriedade especial todo ano na Semana Santa.

PUBLICIDADE

Para que o casal bacalhau e batata chegue à sua mesa em harmonia, pedimos ajuda ao professor Francisco Rebêlo, coordenador do Centro de Gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi, e ao chef português Vítor Sobral, do restaurante Tasca da Esquina, em Lisboa com filial em São Paulo.

Sobral é um especialista no assunto e autor de As Minhas Receitas de Bacalhau, que acaba de sair pelo Senac. Ele preparou (e deu preciosas dicas sobre) cinco tipos de batatas: assada, cozida, palha, ao murro e purê, para acompanhar diferentes receitas de bacalhau.

Clique nas imagens para ampliá-las.

Vá comprar batatas. Capriche na escolha: elas devem estar com a casca uniforme, sem marcas de amassado, lisas e sem brotos. Apesar de ser encontrada o ano inteiro, a batata prefere o frio. O auge da safra é no inverno, quando ela fica mais gostosa – e mais barata.

Guarde as batatas em lugar seco e arejado. Frescas, duram pelo menos uma semana. Depois disso, começam a murchar e ficam ruins. Calor e umidade aceleram o processo de deterioração. Quando uma batata estragar, jogue logo fora, para que ela não estrague as outras.

PUBLICIDADE

Vá assar batatas. Para saber se está cozida ou assada espete um garfo: se entrar e sair com facilidade está pronta. Não use faca, ela pode fazer parecer que está no ponto antes da hora.

O QUARTETO

Dos milhares de variedades de batata, cerca de 200 são domesticadas. Em São Paulo, estas quatro são as mais comuns.

Batata Ágata Boa para cozinhar e assar. Ruim para fritar, pois é aguada e tem pouco amido. É a batata mais comum no Brasil. Passou a ser cultivada em 2000 e hoje corresponde a 80% da produção nacional.

Batata Asterix Boa para fazer batata frita ou cozida, ela é a mais fácil de reconhecer: tem a casca avermelhada, destacando-se entre as variedades amarelas.

PUBLICIDADE

Batata Bolinha  Boa para fazer conservas, para assar inteira com sal e alecrim ou fazer ao murro. É uma versão menor de Asterix ou de Ágata, mais fácil de ser encontrada.

Batata Caesar Boa para assar, cozinhar e fritar (embora não seja ideal para fritura). Por ter boa quantidade de matéria seca é considerada uma batata multiuso. Vem da Holanda.

FOTOS: Felipe Rau/Estadão ILUSTRAÇÕES: Carlinhos Müller/Estadão

>> Veja todas as notícias da edição do Paladar de 28/3/2013

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE