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Comida

Assim comia Monteiro Lobato

Assim comia Monteiro LobatoFoto:

Por Cíntia Bertolino

Monteiro Lobato (1882-1942) gostava de comer bem e fazia questão que seus leitores soubessem disso. Os fãs de Pedrinho, Narizinho, Emília e do Visconde de Sabugosa salivam até hoje só de lembrar os bolos, tortas e guloseimas mil criados pela mitológica Tia Nastácia, a cozinheira encantada do Sítio do Picapau Amarelo. Afinal, os bolinhos de polvilho dela foram capazes de amansar até o Minotauro, num famoso episódio das aventuras da turma.

Para aplacar a vontade nostálgica dos leitores do Sítio, sai “À Mesa com Monteiro Lobato” (Senac Editora, R$ 50), de Marcia Camargos e Vladimir Sacchetta, que reúne receitas e historietas curiosas como a diatribe do autor de Urupês contra o afrancesamento exacerbado dos restaurantes da capital paulista.

Usando de uma ironia cortante, ele escreveu: “Adquirimos tanto gout que, por instinto, o nosso organsimo, num diner elegante, repeliria com vomissments incoercibles um plat nomeado à portuguesa, charramente: arroz de forno, leitão assado. É mister que eles venham, embora não mudados de substância, transferidos em marcassin, ou riz ou four à la princesse quelque chose. Só assim as fibras da estesia gustativa nos tremelicam de gozo e dos olhos nos correm lágrimas a Brillat-Savarin”.

Nacionalista ferrenho, Monteiro Lobato já chamava a atenção de seus compatriotas para ingredientes nacionais como a grumixama, uma espécie de cereja nativa ou o içá, tira-gosto muito popular na Vale do Paraíba, feito com as formigas com este nome, para ele, um verdadeiro “caviar”. As receitas do livro, extraídas do caderno de receitas de Dona Purezinha, mulher do autor, lembram a culinária simples e saborosa, da fazenda de Taubaté onde nasceu e cresceu. Aqui estão o arroz com suã, bolinho caipira, canjiquinha, costela assada com banana, virado de couve, quibebe, mingau de inhame, doce de marmelo, espera-marido, bolão de fubá, queijadinha e outras gostosuras.

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Só falta mesmo a mão da Tia Nastácia que costumava dizer : “Receita, dou; mas a questão não está na receita – está no jeitinho de fazer”, respondia a cozinheira sempre que alguém pedia as medidas de suas delícias.

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