A brasileira Hideko Honma, que fornece peças de cerâmica para vários restaurantes de São Paulo, é a única brasileira a expor seu trabalho na exposição que começa nesta sexta (18) e vai até o dia 23 na cidade japonesa de Arita. O evento celebra a descoberta, há 400 anos, da jazida de porcelana na cidade, considerada a capital da cerâmica.
Hideko, que foi convidada pelo prefeito de Arita para as comemorações, estudou a técnica da cerâmica anos atrás com mestres japoneses desta cidade. “Eles são tão perfeccionistas que no meu primeiro curso lá eu fiz mil peças em três meses e só aproveitamos cinco delas”, contou ela ao Paladar durante uma visita ao seu atelier em Moema, onde ela também dá aulas.
De volta ao Brasil, onde iniciou sua produção há 15 anos, ela passou a aplicar a técnica oriental a matérias-primas brasileiras. Para confeccionar seus bowls, pratos e diversas outras peças utilitárias, ela usa argila. São três as principais terras para se fazer cerâmica: porcelana (caulim, que existe no Brasil, mas é muito “sujo”, diz Hideko, sendo que o de Arita é puro), faiança (que lembra porcelana, mas não é tão puro) e argila (de cor marrom).
Depois de seca é que a peça recebe o esmalte que a colore. Pela técnica japonesa, o esmalte é feito de cinzas naturais, como cinzas de grama, de árvores e outros elementos da natureza. No Brasil, Hideko faz as suas próprias cinzas com o que encontra - em peças do JoJo Ramen, casa de lámen do Paraíso, por exemplo, para alcançar a cor verde das peças ela usou cinzas de grama. Além do JoJo Ramen, casas como Loi e a recém-inaugurada Modern Mamma Osteria, também do chef Salvatore Loi, usam peças de Hideko.
Entre suas cerâmicas que estão expostas em Arita, algumas foram feitas especialmente para serem mostradas para a família imperial japonesa, durante uma visita a São Paulo em outubro do ano passado.