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Le Vin Filosofia

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Cinco lições de pai para filho

Neste Dia dos Pais, cinco filhos que desde pequenos herdaram o amor pelos brancos e tintos contam o que aprenderam com os seus pais

Jacopo Biondi Santi eTancredi Biondi Santi Foto: Divulgação

O vinho é uma bebida de muitas gerações. Assim, não são poucos os exemplos de como a arte de fazer um tinto vem passando de pai para filho há décadas – em alguns casos, há séculos. Às vezes, um filho rompe com o saber fazer de um pai e o resultado muda a vida da vinícola – um dos exemplos é do italiano Angelo Gaja que decidiu plantar cabernet sauvignon no Piemonte, dando origem ao Darmagi, um dos grandes rótulos da vinícola. Darmagi, no dialeto local, quer dizer algo como “Que pena!”, expressão que seu pai Giovanni disse quando viu o vinhedo replantado com variedades de Bordeaux.

Neste Dia dos Pais, cinco filhos que desde pequenos herdaram o amor pelos brancos e tintos contam o que aprenderam com os seus pais e o que gostaram de ter ensinado a seus filhos. As respostas não são apenas lições de enologia ou viticultura, mas também histórias de vida, Ler estes depoimentos é quase um convite para abrir um vinho com o seu pai – o que eu aconselho a fazerem neste domingo.

Jácopo Biondi Santi, da sexta geração dos Biondi Santi, conta que a paciência foi a maior e mais difícil lição que seu pai lhe deu. “Ele também me ensinou a sempre buscar a qualidade”, afirma. Para seu filho Tancredi, ele diz que sempre procurou ensinar o rigor estilístico e a garantia absoluta de qualidade dos vinhos. O jovem Tancredi, da sétima geração, por sua vez, aprendeu com o pai a importância da história familiar. “Acredito que a história tem de ser respeitada, mas também evoluída, sem perder o rigor estilístico”, afirma.

O produtor português Dirk Niepoort aprendeu com o pai a pensar no longo prazo. “Ele me ensinou a ter paciência, a dar tempo ao tempo, a não ser imediatista”, diz Dirk, que assumiu a empresa em 2005, com a aposentadoria de seu pai, Rudolph. A família Niepoort está no vinho do Porto desde 1842 e foi com Dirk, no final do século passado, que se lançou ao desafio de elaborar vinhos tranquilos. Atualmente, com dois filhos trabalhando nos vinhedos, Dirk passa a lição de que “menos é mais”, válido para os vinhos, mas também para a vida.

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Também no vinho do Porto, Dominic Symington, da quarta geração no mundo do vinho, conta que aprendeu com o seu pai a ter a qualidade como meta, com humildade. “Nunca diga que é o melhor, só tenta fazer o seu melhor”, diz ele, sobre a lição paterna. Foi este conselho que ele passou para Anthony, da quinta geração. “Ensinei a meu filho o mesmo que meu pai me ensinou, e mais, a respeitar a opinião dos outros. Tenha confiança nos seus vinhos, mas se alguém preferir outro rótulo, aceita e aprende”, afirma Dominic.

Ensinamentos de pai para filho marcam a família de Carlo Guerriere Gonzaga, atual dono da Tenuta San Leonardo, que elaboram vinhos desde 1770. “Meu pai me ensinou a colocar toda a minha energia em algo único. Foi o que eu fiz, criando o San Leonardo”, conta ele sobre este rótulo ícone na região do Alto Adige, norte da Itália. Com a cabernet sauvignon como base, este tinto é um dos marcos da vinícola, elaborado desde o final dos anos 1970. E seu filho, Anselmo, conta que aprendeu com Carlo o que significa manter um sonho vivo, ao aprender a respeitar o estilo clássico deste cabernet sauvignon. 

Da Argentina José Alberto Zuccardi diz que o principal legado que seu pai lhe deixou foi o seu amor pela vinha, assim como ele se orgulha muito de ter deixado para o seu filho Sebastián a mesma paixão. Sebastián, por sua vez, diz que aprendeu com o seu pai o respeito à natureza, a obediência e a observação para trabalhar em uma vinha, sempre com humildade. Enfim, conselhos e aprendizagem de pais para filhos.

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