Não deu. No dia seguinte, entrou lá em casa uma faxineira nova e cheia de iniciativa que sem aviso “limpou” o freezer – ela jogou tudo fora, das tortillas artesanais da Gerusa (“aquelas massinhas estavam secas”) aos rolinhos de manteiga de sálvia (“sem data de validade”); e, é claro, o foie gras “aquela carne que estava estragada, com uma cara horrível toda esbranquiçada”. Só poupou uma coisa no congelador todo: uma caixa de hambúrguer. Dentro da validade.
Terrine de foie gras do La Casserola. FOTO: Divulgação
Nunca mais comprei foie gras, mas nesta semana, enquanto estávamos acertando os detalhes para o debate sobre foie gras na TV Estadão, surgiu a ideia de protestar contra a tentativa de proibição em São Paulo, apresentando uma boa receita de terrine como Prato do Dia.
Comprei o fígado no Santa Luzia (custava R$ 287 o kg do foie francês; no Empório Santa Maria, era R$ 385). Abri o livro Terrine, de Stéphane Reynaud (Ed. Phaidon) na receita mais simples com foie gras e segui direitinho as instruções.
Achei tudo bem fácil: com uma faca afiada retirei os nervos, deixei marinar por duas horas com porto, conhaque, sal, pimenta e especiarias. Prensei na terrine, tampei, cozinhei 30 minutos em banho-maria. E deu errado. Muito errado. Ficou escuro, feio, desmontou. Sem condições de fotografar e sem tempo de tentar de novo, ou ligar para algum chef para descobrir onde estava o erro, recorri a uma das boas terrines da cidade: a do La Casserole, de Marie-France Henry.