Quando as primeiras levas de imigrantes japoneses aportaram no Brasil, há mais de cem anos, era preciso lidar com a estranheza da língua, do clima, dos costumes tropicais e da comida. Por aqui não havia, entre tantos outros ingredientes japoneses, o umê – uma pequena ameixa, que, quando conservada em sal se transforma no umeboshi.
O umeboshi é um daqueles sabores que precisam ser assimilados: muito ácido, muito salgado, pode causar estranheza à primeira mordida, mas é delicioso com uma simples tigela de gohan (arroz). Também faz toda a diferença no onigiri, bolinho de arroz envolto em uma folha de nori (alga) e recheado com umeboshi.
Embrulho. As sépalas, ou cálice, é o que se usa. As sépalas recobrem uma massa firme e cheia de sementes. FOTO: André Dusek/Estadão
Para suprir a falta do umê, os descendentes de japoneses usaram o hibisco, cuja acidez, não devia muito ao umê. Assim, da necessidade e da saudade, nasceu o hanaume, uma conserva de hibisco, salgada e ácida, para substituir o umeboshi. No Pará, a colônia japonesa batizou a conserva de paráume. “O que não existia por aqui, foi adaptado. Uma das adaptações que considero genial é o hanaume”, disse Marisa Ono, do blog Delícia. Fazer hanaume é simples: basta pesar as sépalas de hibisco e adicionar 10% do peso em sal. Deixe curtir por alguns dias e estará pronto.
Leia mais:+ Isto é vinagreira
Telma Shiraishi, do Aizomê, costuma preparar sua conserva nesta época, em que o hibisco é abundante. “Quando vou à feira costumo levar quase toda a banca ”, contou. Hoje é muito mais fácil encontrar umeboshi, mas entre os japoneses ainda há quem prefira o hanaume.
FOTOS: Daniel Teixeira/Estadão
CONSERVA DE HANAUME Para fazer a conversa basta lavar bem as sépalas de hibisco, pesar e acrescentar 10% do peso em sal. Espere alguns dias e a conserva estará pronta para consumo. A receita é do restaurante Aizomê, em São Paulo.