E como é que se faz isso? Primeiro se escolhe o tema. A partir dele, se cria uma história, se desenvolve um roteiro que vira filme… As receitas e os pratos? Vão surgindo durante o processo, para ilustrar, dar sustentação, compor a história. Até o início de julho, estava em cartaz no restaurante o menu Primavera, que contava a história do mundo. O menu estava impresso num folder e os pratos, situados numa linha do tempo. A degustação começava com a fase La Naturaleza, uma sequência de pratos puxada por um ninho fazendo as vezes de louça, recheado com porções de ervas, algas, e um drinque, granadilla sour, servido numa casca de ovo de açúcar. A história transcorria numa sucessão de sabores, texturas, formas, cores. Tomates, favas, choclo, ajis, ceviches, polvo iam surgindo para ilustrar cada etapa, El Hombre, El Encuentro, até chegar ao final, Hoy, as sobremesas. Antes do café, chega à mesa um livreto com fotos e o DVD.
E assim, cada vez que pensa em trocar o menu (o que faz a cada seis meses), Gastón Acurio contrata roteirista, diretor de arte, cinegrafista, atores, figurinistas, fotógrafos, editores, músicos. O resultado? “Há tempos não me divertia tanto. É como começar de novo, voltar a ter 20 anos”, anima-se. “Quem sofre é a área financeira do grupo”. Não é para menos. Cada troca de menu custa US$ 200 mil. O filme que está em cartaz, El Viaje, conta a história da chegada dos italianos ao Peru.
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Menu começa com um ninho recheado de ‘cactos’, folhas, suspiro limenho e pisco sour. FOTOS: Tiago Queiroz/Estadão
Carbonara feito de tubérculo
Polvo servido numa pedra quente em forma de concha