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Comida

Irving Penn 1917-2009

Penn foi, principalmente, um fotográfo de pessoas, suas imagens de Picasso, Truman Capote, Colette, Jean Cocteau, Marcel Duchamp, Mies van der Rohe e Philip Roth -entre muitos outros- são tão fortes que quase se tornaram o avatar destas personalidades. Vistas uma vez tornavam-se estas caras, sem escapatória. Devia ser terrível ser fotografado por ele.

Irving Penn 1917-2009Foto:

Mas quando fixou comida, mais raramente, o fez com a mesma densidade e potência, produção de definitivos. A natureza-morta abaixo é bom exemplo. Natureza-morta, no seu aspecto ético e estético, era mais que um amontoado de produtos alimentícios, queria demonstrar que por trás da beleza e da aparência apetitosa há um tempo embutido, o que o nome latino desta forma de representação da natureza demonstra: vanitas.

A fruta, deliciosa, fresca e desejada, tem uma mosquinha ou um início de podridão discreta. A folha já começa a desmaiar, o pão está meio comido, há farelos.

Still Life with Watermelon, circa 1947 ©Irving Penn Estate

Irving Penn refez em fotografia exatamente está teoria, não foi fotografia de capa de revista, era demasiado crua, cruel, um comentário sobre a rapidez com que o bom fica incomivel e o fresco pode estragar. Ou de como o tempo circunda tudo, e é preciso ter prazer rápido, antes que seja tarde demais. No caso dele, 92 anos de vida, houve tempo para tudo.

Cholesterol’s Revenge, New York, 1984 (c)1995 by Irving Penn

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