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Comida

Miya, o templo despojado de Flávio Miyamura

O chef Flávio Miyamura abre um pacote de furikake sobre a mesa, coloca um punhado sobre a colher, assopra, passa-o entre os dedos. Brinca com o tempero à base de alga nori e gergelim. Encontrado a três por quatro nos mercados da Liberdade, o furikake é raramente visto nas cozinhas ditas “sérias” da cidade, mas se faz presente como finalizador do arroz cozido em um dos pratos do Miya, restaurante aberto esta semana em Pinheiros.

Miya, o templo despojado de Flávio MiyamuraFoto:

Miya, que significa “templo” em japonês, é a primeira – e ansiada – casa de Miyamura, que no ano passado decidiu deixar a cozinha espanhola do Eñe, dos irmãos Torres, para tocar projeto próprio. O passado versátil de Miyamura – a cozinha japonesa do Shin Zushi; o Brasil novo do D.O.M.; as tapas e tradições espanholas revistas e ampliadas do Eñe – está impresso no cardápio e nas ideias sentidas pelo ambiente da casa reformada pelo arquiteto Vitor Penha, de tijolos de acabamento grosseiro, mesas de madeira rústica e estrutura metálica aparente.

“Nunca quis uma casa superchique, nem na decoração, menos ainda no cardápio. Não é isso que as pessoas procuram”, diz Miyamura, explicando o menu de pratos na faixa dos R$ 30. Vá lá: foie gras, vieiras e polvo estão presentes, mas são servidos com bossa, com divertimento. O foie gras, por exemplo, é ingrediente principal da terrine que chega com doce de leite. A vieira, produzida por uma cooperativa do Rio de Janeiro, vem acompanhada de palmito pupunha assado e limão-siciliano. A sobremesa “arroz e feijão” combina arroz doce e uma camada de feijão azuki cozido e moído. Chega numa panelinha. Há tentativas de simplificar: cozimentos ligeiros (algumas carnes e a barriga de porco são feitas a baixa temperatura) e um menu executivo que ficará em R$ 45, com direito a “um bom estrogonofe, um filé àparmigiana decente”, pretende Miyamura.

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