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O Noma e o Dogma 95

Por André Graciotti

O Noma e o Dogma 95Foto:

Os Escandinavos parecem ter tradição em manifestos vanguardistas. Se a nova culinária busca a volta dos alimentos “reais” e frescos, livres da manipulação artificial, no cinema, os cineastas dinamarqueses Lars Von Trier e Thomas Vinterberg também criaram, em 1995, um movimento com princípios rígidos que visavam recuperar o cinema “puro, transgressor, realista e sem maquiagem”, chamado ‘Dogma 95’. E também como os conterrâneos da gastronomia, o documento continha 10 fundamentos que estipulava, dentre outras regras, que o filme deveria ser realizado com câmera na mão, em locações externas e recursos artificiais de cenografia ou efeitos especiais eram estritamente proibidos.

Diferentemente de outros movimentos cinematográficos de viés não-comercial, como a Nouvelle Vague francesa dos anos 60, o ‘Dogma 95’ aclamava o cinema coletivo, rejeitando qualquer senso de autoria de seus realizadores. “Festa de Família” e “Os Idiotas” foram as mais emblemáticas obras surgidas a partir do manifesto que, como esperado, gerou polêmica e controvérsia ao mesmo tempo em que inspirou gerações futuras de cineastas.

Porém, considerando os filmes mais recentes do próprio Von Trier, em que há uso de música, efeitos especiais e ele já é reconhecido como um ‘autor’, é inevitável que o cinema, assim como qualquer bom cardápio, dificilmente consegue ficar muito tempo sem se deixar seduzir por novos ingredientes.

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