Conheça as frutas cantadas em 'Morena Tropicana', música de Alceu Valença
Saiba mais sobre sapoti, juá e outros ingredientes citados na letra de uma das canções mais icônicas do carnaval pernambucano
01 de março de 2019 | 19:14por Redação Paladar, O Estado de S.Paulo
Alceu Valença é um dos reis do carnaval brasileiro. Arrasta multidões e corações com frevos, cocos e cirandas.
No embalo da festa, o Paladar olha para a letra de uma das canções mais icônicas do pernambucano: Morena Tropicana, daquelas músicas que todo mundo sabe cantar, mas nem todo mundo entende o que quer dizer.
Dê play na música e siga a letra na galeria abaixo para conhecer todos os ingredientes citados por Alceu e Vicente Barreto nessa ode às frutas das regiões Norte e Nordeste, da manga-rosa à cana-caiana.
Os sabores de 'Morena Tropicana'
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Foto: Denise Andrade/Estadão
"Da manga-rosa quero gosto e o sumo..."
O "rosa" a que Alceu Valença se refere não é apenas a coloração da fruta, mas também um dos tipos mais populares de manga do Nordeste. A manga-rosa é mais rústica do que as variedades haden e tommy atkins e apresenta uma quantidade moderada de fibras. Como a canção sinaliza, a melhor forma de consumi-la é in natura, aproveitando toda a doçura do sumo. Leia mais sobre a fruta e veja receitas no "Paladar".
Foto: Marcos Mendes/Estadão
"... Melão maduro"
Diferentemente da manga, o cantor não especifica qual é o tipo de melão que lhe serve de inspiração. Escolhemos o amarelo, um dos mais fáceis de se encontrar no Brasil, especialmente no verão, período de safra. Além de ser opção para consumir no café da manhã ou no lanche, sempre bem geladinho, o melão também é ingrediente de diversas receitas. Confira como utilizá-lo em uma salada com vinagre de umeboshi e em um chá branco de frutas.
Foto: Felipe Rau/Estadão
"Sapoti..."
Originária da América Central, esta fruta é cultivada especialmente no Norte e no Nordeste, devido às altas temperaturas. É coberta por uma casca fina e tem uma polpa doce com uma substância gelatinosa, que, no século 20, chegou a ser utilizada na fabricação de chicletes. Segundo a Embrapa, Pernambuco é o principal produtor de sapoti. Há alguns anos, o "Paladar" entrevistou o chef japonês Yoshiriro Narisawa em viagem a São Paulo e, ao provar alimentos como o sapoti, a resposta dele foi: "Sinceramente, não saberia como tratar essas frutas. Elas têm um sabor tão bom que não é preciso fazer nada com elas." Leia o relato completo aqui.
Foto: José Patrício//Estadão
"... Juá"
Rara em outras regiões do Brasil, a fruta é encontrada principalmente no agreste, na caatinga (foto) e no sertão nordestinos. Quando maduro, o juá é rico em vitamica C, sendo consumido in natura. Sua aparência lembra a da ameixa, mas com a coloração mais próxima do amarelo e do laranja. Além da alimentação, suas folhas são utilizadas na fabricação de detergentes e xampus.
Foto: Felipe Rau/Estadão
"Jabuticaba, teu olhar noturno"
Como a letra sinaliza, a tão comentada "morena tropicana" tem os olhos escuros e brilhantes como uma bem madura jabuticaba do tipo sabará (a mais comum). Originária da Mata Atlântica, a fruta é abundante no centro-sul do País, especialmente entre fevereiro e abril. Além de consumida pura, também pode ser utilizada em pratos doces e salgados. Confira seis receitas recomendadas pelo "Paladar".
Foto: Felipe Rau/Estadão
"... Beijo travoso de umbu-cajá"
O beijo é "travoso", isto é, amargo (por conta da casca) como um umbu-cajá. Um híbrido entre o umbu e o cajá, o fruto é encontrado principalmente no Nordeste. Em 2015, pesquisadores baianos descobriram que a variedade encontrada naquele Estado tinha especificidades suficientes para ser classificada como uma espécie distinta. Se esse fruto é difícil de encontrar em outras regiões, experimentar os seus "parentes" pode ser uma alternativa interessante, como nestas receitas selecionadas pelo "Paladar": crepe de umbu e bombom caramelo de cajá.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
"Pele macia, ai, carne de caju"
Na música, Alceu Valença foge do usual ao salientar as qualidades da polpa da fruta, mais conhecida por suas castanhas no Sudeste do País. Como ele salienta, "a carne" do caju é macia e saborosa e, justamente por isso, é utilizada tanto em pratos doces quanto salgados, como nesta receita de lombo suíno com purê de abóbora e caju e nesta de ceviche del anacardo. No "Paladar", também testamos a compota de caju da dona Inácia e a caipirinha de caju.
Foto: Fernando Sciarra/Estadão
"Saliva doce, doce mel, mel de uruçu"
Neste trecho, Alceu cita a abelha uruçu, espécie nativa cujo mel não pode ser comercializado como o das abelhas europeias ou africanas. Mesmo assim, variedades de mel nativo estão disponíveis no comércio, sendo a uruçu uma das mais apreciadas. Saiba mais sobre a polêmica dos méis nesta reportagem do "Paladar" e conheça variedades brasileiras aqui.
Foto: Alex Silva/AE
"Linda morena, fruta de vez temporana, caldo de cana-caiana, vem me desfrutar"
Arroxeada, a cana-caiana é o último alimento citado na icônica música "Morena Tropicana", de Alceu Valença. Seu sabor adocicado é tão apreciado em partes do Nordeste que é comum saboreá-la in natura ou utilizá-la na culinária, como em panquecas, baião de dois e costela de porco.
* Originalmente publicado em fevereiro de 2017. Atualizado pela última vez em março de 2019.