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Comida

Passos de formigas

Por Júlia Dias Carneiro

Passos de formigasFoto:

Formiguinhas tomaram de assalto a última tarde do Paladar – Cozinha do Brasil. Saúvas e maniwáras faziam parte do incrível baú de tesouros que Dona Brazi e Conde Aquino trouxeram de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para São Paulo, depois de enfrentarem três vôos e mais de doze horas de viagem. Tucupi preto, araçá, tucumã, farinha de pupunha, peixe piraíba e banana pacovão eram outros ingredientes da mala – antes da aula começar, todos estavam aglomerados lá na frente querendo saber, afinal, o que era tudo aquilo. O clima de curiosidade dominou a aula – os chefs na plateia queriam saber como se faz o tucupi preto, o que era aquilo que eles chamavam de caruru, como são recolhidas as formigas… D. Brazi, que tem 63 anos e pertence à tribo indígena dos barés, seduziu todo mundo com seu jeito simples e espontâneo.

O chef Alex Atala foi o cicerone da dupla. Ele conheceu os dois cozinheiros numa viagem no início do ano a São Gabriel da Cachoeira – que fica no norte do Rio Negro, perto da fronteira com Venezuela e Colômbia – e ficou fascinado com a riqueza intocada da culinária local. “Essas duas pessoas representam uma das cozinhas mais intactas e livre de influências do Brasil”. Depois, ficou de assistente vip, ajudando os dois a montar os pratos e colocar a mesa o banquete que tinha mujeca (sopa de peixe à D. Brazi), peixe ralo baniwa (surubim empanado com castanhos, coberto com caldo de tucupi preto e formigas saúva), camarão de água doce com um caldo salgado de açaí e por aí vai. Todo mundo entrou na fila – e ainda repetiu.

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