Testamos 11 batedeiras planetárias à procura da batida perfeita
Confira como cada modelo se saiu na avaliação de performance e usabilidade em quatro preparos
28 de junho de 2017 | 20:13por Patricia Ferraz, O Estado de S.Paulo
Se você está em busca da batedeira perfeita, um aviso, você não vai encontrá-la aqui. Depois de 11 horas na cozinha às voltas com bowls, pás, ganchos, fichas de avaliação e cronômetros, a primeira conclusão do teste que envolveu toda a equipe do Paladar é implacável: não existe uma batedeira doméstica perfeita. Ou melhor, uma que execute à perfeição todos os tipos de tarefa que a cozinha requer. A escolha, portanto, depende de sua necessidade. Vai fazer pão? Não adianta comprar uma máquina frágil. Bolos e suspiros? O bowl pode até ser de plástico – desde que o batedor chegue ao fundo, onde estão as claras.
Dê uma boa olhada na performance, algumas batedeiras foram mal até batendo claras, a mais básica das funções (aliás, foi a que inspirou a criação do utensílio no século 19). Se você cozinha bastante, vale investir numa planetária em vez de uma batedeira comum. A diferença básica é que o batedor da planetária faz rotação e translação e o bowl é fixo; na comum, duas pás fazem rotação, mas ficam fixas no centro e o bowl pode girar, se você ajudar. As planetárias executam melhor tarefas como bater massas mais firmes. Mas custam mais, até porque são importadas (exceto a Arno e a Philco) ou têm peças feitas no exterior. Veja na galeria abaixo as qualidades e defeitos de cada batedeira planetária testada - deslize as fotos para a esquerda para navegar entre as batedeiras.
Teste: como se saíram as batedeiras planetárias
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Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Kenwood
Foi a que melhor desempenhou o conjunto de tarefas – perdeu apenas para a KitchenAid no quesito rapidez para bater claras em neve (2’38” para duas claras; 1’50” para seis claras, contra 1’17” da Kitchenaid para duas claras e 1’30” para seis claras). Ganhou da concorrente em estabilidade e silêncio. QUALIDADES: Vem com pá de metal extra com bordas de silicone, que facilita raspar. O protetor do bowl, encaixado no corpo da máquina, tem tampa e veda completamente. Destaque para a função pulsar, que faz girar devagar e parar sozinha e serve para colocar ingredientes aos poucos e mexer. DEFEITOS: Batendo a massa de pão, ela dançou na velocidade seis; na velocidade máxima, passeou pela bancada. MODELO: Planetária Kenwood kMix 5L 500W Vermelha Vermillion Red KMX50RD. PREÇO: R$ 2.399 no site da De"Longhi.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Kitchenaid
Fácil de colocar e tirar peças, manuseio intuitivo, foi a que melhor bateu a clara em neve – rápido, em picos firmes, brilhantes, homogêneos. Foi bem ainda com a massa de cookie, mas a performance caiu na massa de pão – embora tenha ficado fofa, lisa e elástica, o aspecto ideal. QUALIDADES: Imbatível no quesito design, com ar retrô e cores vivas; e nas claras em neve. Possibilidade de diversos utensílios. Bowl com alça e acessórios resistentes. DEFEITOS: Pesada demais, difícil de transportar. Se for para guardar no armário, pense duas vezes. Batendo massa de pão, perdeu a estabilidade e desfilou pela bancada. A cada girada, o bowl ficava mais preso, difícil soltar depois de bater algo demorado e pesado. MODELO: Planetária Kitchenaid Stand Mixer Artisan Empire Red. PREÇO: R$ 2.799 no site da Kitchenaid
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Tramontina Breville
Foi a melhor surpresa da prova. Bonita, prática, com acessórios únicos. Porém foi bem só até bater a massa de pão, quando perdeu pontos, esquentou e se deslocou. QUALIDADES: Tem alça para levantar o corpo e cronômetro automático, dois itens exclusivos e que facilitam o uso. A espátula de corpo alongado raspa bem o bowl. Estável, fixa na superfície. DEFEITOS: Enlouqueceu depois de oito minutos batendo pão – tremeu, tremeu, de repente o cronômetro parou e ela deu o último suspiro, antes de parar, sozinha. Minutos depois, recuperada e refrescada, voltou a funcionar. O bowl fundo não ajuda a bater poucas claras. Pesada, não é fácil de transportar, melhor deixar à mão, em um lugar fixo na cozinha. MODELO: Mix Pro Tramontina by Breville. PREÇO: R$ 2.399 no site da Fnac.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Arno
Não se destacou em qualquer das tarefas da prova. QUALIDADES: Tem compartimento para guardar o fio. Foi rápida para bater clara em neve, levou 2’30”, fez picos firmes. DEFEITOS: O corpo não trava, um problema pois balança. O protetor do bowl, que não tem alça, fica bambo e não protege bem. Na receita do cookie, empurrou massa para a parede, paramos duas vezes. Anda pela bancada, foi preciso segurar para bater o pão – forçou o motor e cheirou a queimado. MODELO: Planetária Arno Deluxe Inox SX8308B1. PREÇO: R$ 499 no site da Lojas Americanas
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Black & Decker
Intuitiva, fácil de lidar, mas apesar do bowl ser pequeno, não conseguiu bater as duas claras. Tentamos por dois minutos e nada. Girava, mas não encostava nas claras. QUALIDADES: O protetor do bowl é ótimo, prende no corpo e veda completamente. Fixa por ventosas, não se desloca na bancada. Tem duas alças no bowl, facilita a retirada. Legenda indica velocidade adequada para cada tipo de preparo. DEFEITOS: O bowl é muito pequeno, na hora de bater pão parte da massa ficou para fora. MODELO: PLAN1000V Batedeira Planetária Black & Decker 3L Vermelha metálica. PREÇO: R$ 479 no site do Ponto Frio
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Cadence
Não brilhou em nenhum dos quesitos, mas é mais forte do que aparenta pelo design e pelo tamanho. QUALIDADES: É estável e intuitiva, fácil de usar. Bateu bem as claras. DEFEITOS: O bowl de 3 litros é muito pequeno – bater mais de seis claras seria um perigo. Suja a bancada ao bater ingredientes secos. A pá soltou quando usamos espátula para raspar massa de cookie. MODELO: Cadence Orbit Colors BAT504. PREÇO: R$ 359,90 no site da Cadence
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Philco
Sem grandes atrativos. Parece robusta, mas é frágil. QUALIDADES: Surpreendeu ao aguentar bater a massa do pão até o fim, andou bastante na bancada, mas não esquentou. DEFEITOS: O bowl de plástico é muito mole. A pá não exerceu sua função de misturar ingredientes, na receita do cookie manteiga e cookies ficaram separados. MODELO: Planetária PHP500 Turbo. PREÇO: R$ 329 no site do Walmart
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Semp
Executou mal todas as tarefas. QUALIDADES: Estável, não saiu do lugar, mesmo em alta velocidade. DEFEITOS: Lenta e fraca, mesmo em potência máxima. Levou 6’45” para bater as duas claras (e 3’07” para as seis). Misturou mal a massa de cookies, paramos várias vezes para desgrudá-la. Foi um desastre com a massa de pão, que não ficou fofa e nem homogênea. MODELO: Semp Masterpiece BA8015PR. PREÇO: R$ 429 no site do Walmart
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Lenoxx
Não se destacou positivamente em nenhuma parte do teste. Mas a qualidade da massa do pão surpreendeu: fofa, brilhante, elástica. QUALIDADES: Apesar de chacoalhar muito, não saiu do lugar. DEFEITOS: Bowl de plástico, mais frágil e instável, e sem alça. Empurra a massa para as paredes do bowl, tivemos de parar várias vezes. Esquentou bastante. MODELO: Planetária Lenoxx Inox 500 Premium. PREÇO: R$ 320,39 no site da Lojas Americanas.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Hamilton Beach
Foi difícil achar o botão de destravar o corpo e começar o teste. Vencida a barreira, a instalação e o manuseio dos utensílios foram fáceis. Sem ser pesada, é consistente. QUALIDADES: silenciosa, ficou bem firme até a velocidade oito (do máximo de dez), depois disso, se deslocou. Não esquentou. Bowl saiu fácil. Massa de pão ficou elástica e fofa. DEFEITOS: Muito lenta. Tivemos de parar o teste logo de cara, para desgrudar a massa de cookie da parede do bowl. Protetor do bowl não fica firme. MODELO: Batedeira de Alta Performance Hamilton Beach 63233BZ. PREÇO: R$ 872,91 no site da Magazine Luiza.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Oster
Rapidez, proteção do bowl e a estabilidade são os pontos altos desse modelo. Mas o desempenho foi péssimo com duas claras. QUALIDADES: Bowl com duas alças, fácil de pôr e tirar; a proteção do bowl encaixada no corpo da batedeira veda bem. DEFEITOS: Não bateu as duas claras, deixamos rodando por dois minutos, mas o batedor não alcança o fundo do bowl (com as seis claras, foi bem, levou 1’55”). Chacoalhou muito e esquentou, mas não andou. MODELO: Planetária Oster Perform Inox. PREÇO: R$ 649,90 no site do Carrefour.
À PROCURA DA BATIDA PERFEITA
Esse teste nasceu de um problema pessoal: minha batedeira planetária quebrou, batendo pão para a reportagem de capa Levain não é Pet, publicada no Paladar em 27 de abril. Depois de dois anos entre suspiros, focaccias, tortas e suflês, ela sucumbiu à minha paixão pela panificação. Não deu conta. Era o pretexto que eu precisava para mirar no sonho de consumo de ar retrô e cor de carro esportivo.
Mas em poucos dias de contato, começaram as decepções: a batedeira não me deixava sair de perto, desfilava sua beleza de um lado para o outro da bancada, ameaçando despencar. E na hora de soltar o bowl (a tigela), depois de bater massa pesada, eu tinha de pedir ajuda...
Foto: Daniel Teixeira|Estadão
Fiquei pensando se haveria alguma batedeira doméstica capaz de dar conta de pães e pizzas, além de tortas, merengues e demais preparos leves. Resolvi testar. A ideia inicial era avaliar os modelos e comparar no meu blog, onde toda semana testo algum utensílio. Mas a brincadeira foi crescendo e acabou envolvendo toda a equipe do Paladar.
Desenvolvemos uma ficha de avaliação (nada a ver com as planilhas técnicas e testes do Inmetro), o que queríamos era saber como se comporta cada batedeira em diferentes funções na cozinha. Fácil de montar? O manuseio é intuitivo ou depende do manual? Fica presa na bancada? Dá conta de bater massas pesadas? Funciona para poucas claras? Esquenta? Rápida? Potente? Fácil de limpar? A ficha completa acabou ficando com 19 itens.
Fichas e canetas a mão, testamos uma a uma as batedeiras Foto: Daniel Teixeira|Estadão
O repórter Leonardo Ribeiro fez o levantamento das batedeiras planetárias disponíveis no mercado e as reuniu para o teste. O nome (planetária) é referência aos movimentos de rotação e translação feitos pelo batedor, como os do planeta Terra.
Nos encontramos na cozinha às 11 horas da última quinta-feira – e só saímos dali às 22 horas, graduados em matéria de batedeira.
Começamos avaliando cada uma. Em seguida, as colocamos em uso para três preparos: claras em neve (com duas claras e com seis claras), cookies com pedaços de chocolate e pão de levain (massa de 500g). Depois, comparamos as performances.
A Carla Peralva ficou na retaguarda – fez o mis-en-place dos ingredientes de cada receita para cada batedeira, dezenas de potinhos. Um trabalhão que envolveu mais de 120 ovos e 10 quilos de farinha de trigo, 12 barras de manteiga, 5 quilos de açúcar, parte mascavo, parte refinado, entre outras coisas, que a Renata Mesquita tratou de transformar em suflês, omeletes e bolos que estarão em breve no Paladar (fora os que alimentaram a equipe durante o dia).
Testamos os três batedores de cada modelo: com o gancho batemos massa de pão, com o pá massa de cookie, e claras em neve com o globo Foto: Daniel Teixeira|Estadão
A Isabelle Moreira Lima, colunista de vinhos, me ajudou a testar as batedeiras, anotando os comentários e impressões e dividindo as tarefas de colocar os ingredientes. O fotógrafo Daniel Teixeira registrou tudo.
O trabalho contou também com os eletricistas da equipe de manutenção do Estadão, que garantiram o funcionamento das 11 batedeiras ao mesmo tempo – eles deram plantão na cozinha, e foi preciso mesmo, porque antes de o teste começar, enquanto colocávamos as máquinas na tomada, não notamos que a Hamilton Beach já estava ligada, ela deu um estalo, fez faísca e não ligou mais. Primeira e única baixa do dia. Foi uma correria para trazer outra igual a tempo de participar da prova.
Os bastidores do teste das batedeiras planetárias
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Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Bastidores do teste
Foram 11 horas na cozinha do Paladar, às voltas com bowls, globos, raquetes, ganchos, planilhas, para testar 11 modelos de batedeira planetária disponíveis no mercado nacional, com preços de R$ 320 a R$2.799. Mas o trabalho começou antes. Durante a produção de pão para a capa Levain não é Pet, publicada no Paladar em 27 de abril, a planetária da editora Patrícia Ferraz quebrou. Daí veio o questionamento: existe uma batedeira doméstica capaz de dar conta de pães e pizzas, além de tortas, merengues e demais preparos leves? Com isso, foi a vez do repórter Leonardo Ribeiro fazer o levantamento das batedeiras planetárias disponíveis no mercado e as reunir para o teste. Confira nesta galeria os bastidores da produção, que envolveu toda a equipe do Paladar, pelas lentes do fotógrafo Daniel Teixeira.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Avaliadoras
A Isabelle Moreira Lima (à esquerda), colunista de vinhos, ajudou a editora Patrícia Ferraz (à direita) a testar as batedeiras, anotando os comentários e impressões e dividindo as tarefas de colocar os ingredientes. A repórter Carla Peralva (ao centro) ficou na retaguarda – fez o mis-en-place dos ingredientes de cada receita para cada batedeira, dezenas de potinhos.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Critérios de avaliação
No teste queríamos era saber como se comporta cada batedeira em diferentes funções na cozinha. Fácil de montar? O manuseio é intuitivo ou depende do manual? Fica presa na bancada? Dá conta de bater massas pesadas? Funciona para poucas claras? Esquenta? Rápida? Potente? Fácil de limpar? A ficha completa acabou ficando com 19 itens.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Primeiro desafio
No primeiro desafio, farinha de trigo, manteiga, açúcar (mascavo e refinado), sal, bicarbonato, ovos, chocolate e fermento foram para as batedeiras para fazer massas de cookie.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Cronômetro ligado
O segundo teste foi analisar o comportamento ao bater claras em neve (com duas claras e com seis claras). Além de ver o resultado, o tempo para chegar ao resultado final foi cronometrado. A batedeira mais rápida fez claras em neve com duas claras em 1"17"" e com seis claras em 1"30"".
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Claras em neve
Um dos pontos da clara e neve é ter picos firmes. É possível virar a tigela que o resultado não cai.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Reaproveitando alimentos
Na cozinha do Paladar não há lugar para o desperdício. Os ingredientes batidos nas planetárias foram transformados nas mãos da repórter Renata Mesquita em receitas que você verá em breve no site do Paladar. Além disso, ela foi a responsável por alimentar (e muito bem!) a equipe durante o teste.
O teste envolveu mais de 120 ovos, 10 quilos de farinha de trigo, 12 barras de manteiga, 5 quilos de açúcar, parte mascavo, parte refinado, entre outras coisas
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
O resultado
No fim chegamos a conclusão de que não há uma batedeira perfeita, mas pela nossa avaliação (que não tinha a intenção de parecer com as planilhas técnicas e testes do Inmetro) foi possível destacar pontos altos e baixos de cada uma. Confira a avaliação completa.
PALADAR 'MONTOU' A BATEDEIRA IDEAL
Depois da prova, ‘criamos’ a batedeira ideal. Ela teria as seguintes características:
1. Design e batedor de claras, da KitchenAid;
2. Estabilidade, silêncio, batedor extra com silicone e função girar e parar para adicionar ingredientes, da Kenwood;
3. Protetor de bowl com isolamento, como o da Kenwood, o da Oster e o da Black and Decker;
4. Cronômetro, da Tramontina/Breville;
5. Bowl de inox com duas alças, da Oster;
6. Compartimento para guardar o fio, da Arno;
7. Ventosas da Oster, da Lenoxx e da Black +Decker, que dançaram mas não andaram;
8. Legenda de funções para cada utensílio e cada tipo de massa, como Tramontina/Breville, Black and Decker e Lennox;
9. Preço da Lenoxx, R$ 320,39, a mais barata da prova.