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Comida

Um bate-papo com Ruth Reichl

Ex-crítica do The New York Times e ex-editora da Gourmet, Ruth Reichl vai lançar um novo livro em dezembro. Será sua primeira obra de ficção. Mas é tudo o que revela sobre o novo trabalho. “Se a gente fala muito acaba não escrevendo…”, diz a autora de Alho e Safiras, Conforte-me com Maçãs e A Parte mais Tenra.

Um bate-papo com Ruth ReichlFoto:

Atualmente, ela tem aproveitado o tempo livre para cozinhar. “Faço pão em casa, todos os dias”, conta. O que mais gosta de preparar? “Comida caseira, simples, frango assado, pasta.” E tem tido mais chance de participar de eventos, como o Madrid Fusión, onde conversou com o Paladar.

O fechamento do El Bulli é sinal de que o domínio da cozinha espanhola está começando a enfraquece? Acho que não, ao contrário. É uma lição para outros chefs. Ferran tem sido um professor, durante anos se voltou para fora, agora sentiu necessidade de se fechar um pouco, para recarregar. Ele quer continuar sendo criativo e olha, com tudo o que já fez, não precisaria fazer mais nada…

Para onde está indo a gastronomia? Estamos apenas no começo da nova tendência que deve ser a da sustentabilidade na cozinha. Esse tema vai se tornar, obrigatoriamente, muito importante e cabe aos chefs a responsabilidade. Anteontem, na palestra de David Munhoz, fiquei chocada de ver uma receita que leva 250g de toro. É um afronta. Nos Estados Unidos nenhum chef teria coragem de expor no palco um pedaço tão grande de um peixe ameaçado de extinção… Outra questão importante é a responsabilidade social na gastronomia, ou seja, o apoio às condições mais justas de trabalho no campo. A exploração ainda é absurda.

Qual chef mais a impressionou recentemente? Grant Achatz. Ele é realmente bom e sua cozinha é incrível por duas razões. Primeiro ele é um gênio da cozinha, como Ferran, mas sem copiá-lo. Você come e fica fascinado com os novos sabores, as novas ideias. Mas, além disso, ele tem a importância de ter modificado as relações entre a cozinha e o salão. Os garçons no Alinea são representantes da cozinha, se orgulham disso. Não conheço outro chef que tenha se dedicado a desenhar, projetar tudo como ele, inclusive a louça.

O que vai ser uma iguaria no futuro? É interessante pensar nisso porque a cozinha clássica está muito ligada às iguarias. Acho que no futuro o grande luxo vai ser a comida local. Os novos heróis não serão os chefs, que viraram homens de negócio. São os fazendeiros, os queijeiros.

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