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Comida

Uma viagem por Margaret River, na Austrália

Uma das regiões menos habitadas e mais ensolaradas da Austrália, o entorno do rio Margaret, no extremo oeste, propõe combinação ímpar de gastronomia e exploração da natureza. Você pode percorrer os 290 km que a separam de Perth de carro, à moda convencional, ou de avião – o voo panorâmico leva 50 minutos e a vista é de tirar o fôlego

Vista aérea do Cape Leeuwin, o ponto onde Índico e Pacífico se encontram. Foto: Tiago Queiroz|EstadãoFoto: Tiago Queiroz|Estadão

De Margaret River, Austrália

Há um grande motivo para visitar Margaret River, no extremo oeste da Austrália: a natureza. Não estranhe um lugar que tem a natureza como principal atrativo estar na capa de um caderno de gastronomia. A explicação é simples. É a natureza, com toda a sua exuberância, que define a gastronomia ímpar dessa região, uma das menos habitadas da Austrália, a mais ensolarada do país, e ainda pouco explorada pelos brasileiros. 

A natureza e o clima mediterrâneo favorecem a produção de vinhos, especialmente os Cabernet Sauvignon – que eles, os aussies, chamam de kébsév. Deu pra entender Cab Sauv? Não é fácil compreender o que eles dizem, além da pronúncia, dos nomes nada simples dos lugares, ainda tem o monte de apelidos que eles dão para as palavras. Sév é o Sauvignon Blanc e você precisa ouvir duas ou três vezes a palavra pinat para entender que trata-se da Pinot, a Pinot Noir. Junto com Chardonnay, Shiraz, Semillon, sem apelidos, as uvas francesas encontram ali tudo o que precisam, sob influência da brisa marinha. E os vinhos locais vão ganhando fama.

Vista aérea do Cape Leeuwin, o ponto onde Índico e Pacífico se encontram Foto: Tiago Queiroz|Estadão

A região, rica em recursos naturais e pouco habitada, foi palco de mineração a partir dos anos 1960 e viu nascer muitas fortunas – depois de descobrir a vocação local para a vinicultura, nos anos 1990, muitos desses milionários acabaram abrindo vinícolas, sem poupar investimentos. E onde tem vinho, tem azeite, no caso, bom azeite. É outro produto gastronômico que vale a pena na região.

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O Índico e o Pacífico fazem sua parte (além de se encontrarem num extremo do parque Leeuwin Cape Naturalist, uma ponta de terra lindíssima que avança pelos oceanos) oferecendo profusão de peixes, como o rodovalho (chamado de harpuka), badejo, além de vieiras e frutos do mar. 

A natureza também capricha na produção de legumes e frutas, estrelas de uma gastronomia que aposta nos produtos locais, frescos, preparados artesanalmente. Também brilham as feiras de produtores, as geleias, os vinagres, o mel, as avelãs e as trufas – as trufas negras do Perigord (Tuber melanosporum) foram inoculadas em florestas de avelã em 1997 e hoje a produção anual é de 8,5 milhões, a segunda maior do mundo, depois da Europa. E ainda há destilarias de uísque e cervejas artesanais fermentando por ali.

De quebra, Margaret River é destino de surf, hiking em trilhas à beira mar e para bike, rios para canoagem, parques, cavernas e observação de baleias. Dezenas de empresas oferecem turismo com foco de surf à degustação de vinhos. 

E não há como não se sentir acolhido num lugar onde ao final de uma barreira na estrada que leva ao Surfer’s Point, palco do campeonato internacional Margaret River Pro, um senhor de meia idade vestindo colete e chapéu se aproxima de cada carro que passa. Blitz? Batida policial? Que nada, é o prefeito, dando as boas-vindas aos visitantes. Ele pode não entender nada de congestionamento, mas sabe tudo de hospitalidade.

À moda aborígine

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O programa de imersão na cultura aborígine começa com uma visita à Ngilgi Cave. A caverna foi descoberta em 1899 e, que segundo conta o guia turístico aborígine Josh Whiteland, foi palco de uma batalha entre bons e maus espíritos (os bons, ngilgi, venceram e deram nome ao local). Dali, numa pequena caminhada, chega-se ao galpão da Koomal Dreaming, onde Josh celebra a tradição de seus ancestrais. Tem palco para apresentação de objetos típicos e um show de didgeridoo (instrumento de sopro). O ponto alto é o churrasco de carnes e legumes, que inclui canguru – carne delicada (o sabor lembra o de cervo), de textura firme e macia. Chefs famosos entre eles René Redzepi já estiveram ali (René usou uma receita de Josh, em seu livro).

 

De taça em taça

Visitar uma das 30 vinícolas de Margaret River é programa obrigatório. Retrato do Novo Mundo, muitas ainda cheiram a novo, recém-inauguradas. Há tours especializados, que incluem visitas e degustações, como o Top Drop Tours, do simpático Chris O’Hare. Com verão quente e seco e inverno sem extremos, a região produz só 3% dos vinhos australianos, mas acumula prêmios e atrai a atenção de especialistas. Amelia Park e Clairault são algumas das que recebem turistas. Vasse Felix, a mais antiga, merece visita, com muita história, degustações e almoço regado a vinhos (é claro), em seu ótimo restaurante com vista para os vinhedos.

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Lagosta, não. É marron

Apreciadíssimo produto local, o marron (Cherax tenuimanus) é um crustáceo gigante de água doce. Os australianos dizem que é o terceiro maior do mundo – tantos faz, o que importa é que é delicioso, com sua carne macia de sabor delicado e fresquíssimo (ele é abatido segundos antes de ir para a panela de água fervente). Para driblar a sazonalidade, surgiram fazendas de marron (pronuncia-se méron), que produzem o crustáceo o ano todo, e abastecem restaurantes, entre eles os premiados Bennelong, na Sydney Opera House, e Attica, em Melbourne, o número 1 do país, no ranking do 50 Best. 

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O que trazer

Caviar azul. Sabor suave, cor brilhante. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Vinhos, azeite, geleias e mel. Se quiser algo que só existe ali, traga o caviar azul, feito com ovas de um lagostim selvagem local, capturado a 500 m de profundidade, de novembro a março. Depois de enlatado, o caviar dura dez semanas. Sabor suave, cor azul brilhante. 

* VIAGEM A CONVITE DE TOURISM AUSTRALIA E TOURISM WESTERN AUSTRALIA

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