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Restaurantes e Bares

Alex Atala não foi à cerimônia do 50 Best; leia a entrevista

Alex Atala não foi à festa de premiação dos 50 melhores restaurantes do mundo, nesta segunda, 28, em Londres. É a primeira vez que o chef brasileiro deixa de comparecer à cerimônia em Londres desde que entrou para a lista em 2006.

Alex Atala não foi à cerimônia do 50 Best; leia a entrevistaFoto:

O chef agradeceu em um vídeo o prêmio que recebeu pela votação de seus pares, o Chefs’ Choice, ou Escolha dos Chefs. Além de receber o Chefs’ Choice,seu D.O.M. permaneceu entre os 10 melhores, e o melhor latino-americano do mundo de acordo com o ranking. Entretanto,o restaurante paulistano perdeu uma posição em relação ao ano passado ficando em sétimo lugar.

No ano passado, o D.O.M. perdeu duas posições, caindo do quarto para o sexto lugar. Apesar de ser o latino-americano mais bem posicionado na lista mundial, o restaurante ficou em segundo lugar na lista regional, atrás do Astrid y Gastón, do peruano Gastón Acurio – o 14º do mundo na época e que perdeu quatro posições neste ano.

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Em entrevista ao Paladar por telefone, Alex Atala afirmou que deixar de ir à cerimônia não é uma forma de protesto.

O que houve? Eu preciso de um tempo.

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Não ir é uma forma de protesto, você sempre foi… Em oito anos, dá para faltar uma vez, né… Venho de um ritmo intenso de viagens, que aumentou ainda mais no último ano por causa da divulgação do livro. só no último mês e meio estive três vezes em Nova York, no Chile e na Amazônia… Quero ficar um pouco em casa, com a minha família. Dá para imaginar a quantidade de concessões pessoais que fiz pela profissão?

Quando tomou a decisão de não ir? Na sexta-feira. Eu tinha passagem reservada para o sábado.

No ano passado, o D.O.M. caiu e evidentemente o restaurante não piorou de um ano para o outro. O que houve? Mas o D.O.M. caiu duas posições apenas! Isso não é nada, não tem importância. O El Celler de Can Roca esteve em décimo-primeiro, caiu para 25ºe hoje é o primeiro.

Você vai à cerimônia de entrega do 50 best da América Latina, em Setembro, no Peru? Ainda não sei. Provavelmente não. E esse sim é um tipo de protesto: está na hora de abrir espaço para as novas gerações. E de governos e embaixadas prestigiarem novos chefs no Brasil.

FOTO: Filipe Araújo/Estadão

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Não ir ao Peru tem alguma relação com atrito com Gastón Acurio? Eu não tenho Gastón Acurio como inimigo. Tenho é o exemplo a seguir do trabalho que ele fez no Peru de inclusão social pela cozinha. E a intenção de fazer o nosso governo acordar para apoiar a cozinha brasileira.

O que o governo brasileiro deveria fazer pela cozinha do país? Está na hora de o governo fazer alguma coisa pelos novos chefs – não apenas o governo, mas todos nós –, estou dando um passo para trás para abrir espaço para eles. É hora de deixar o protagonismo para abrir espaço para os outros. Não existe no mundo um país com uma cozinha tão rica e tanta gente boa, está na hora de divulgar o Brasil – chefs, ingredientes e toda a cadeia produtiva. Está na hora de os cozinheiros brasileiros deixarem de levar os ingredientes escondidos na mala, de estimular a exportação. Minha preocupação com isso não é de hoje, e há um ano eu fundei um instituto para isso. A gente precisa fazer a transformação do país pela comida.

Quem faz parte dessa nova geração que merece destaque? Tem a Helena Rizzo, o Rodrigo Oliveira, a Roberta Sudbrack, o Rafael Costa e Silva, a Manu Buffara, os irmãos Castanho, o Felipe Schaedler e muitos outros…As pessoas precisam ver a qualidade do trabalho deles, fica todo mundo olhando apenas as flores e não vê as sementes. Esse é o meu grito de protesto: estou apontando o caminho para os próximos dez anos.

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