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Restaurantes e Bares

Bistrô com temperos brasileiros em Perdizes

Vinoteca Paulistana Bistrô fica dentro da loja de vinhos que lhe empresta o nome e apresenta bons acertos usando ingredientes do Norte do Brasil

Salão estreito com poucas mesas dentro da loja de vinho. Foto: Marcio Fernandes|EstadãoFoto: Marcio Fernandes|Estadão

Perdizes com suas improváveis pirambeiras dificultam o nobre esporte de flanar pelas ruas. É uma pena – nos dois sentidos: perpétua, pois os barrancos lá estão; e uma lástima, pois tem um punhado de bons endereços gastronômicos abrindo na região. Mas se lhe faltam, leitor, fôlego e pernas para deambular por ali, pode ir direto ao ponto: o bistrô da Vinoteca Paulistana, boa nova da região.

Salão estreito com poucas mesas dentro da loja de vinho Foto: Marcio Fernandes|Estadão

Da Rua Ministro Ferreira Alves mal se nota o restaurante. Ele fica dentro de uma loja de vinhos, com a cozinha e um estreito salão nos fundos e umas mesas na frente, que dão para a calçada. O formato tem se repetido pela cidade, com bons resultados (caso do Au Vin e do Ecully dentro da Grand Cru, na Vila Nova Conceição): chefs montam cardápios autorais e enxutos dentro das lojas, o espaço é aconchegante, paga-se preço de prateleira pelo que se bebe. Todo mundo ganha: as lojas de vinho aumentam o movimento, os cozinheiros podem ousar, com custo reduzido, e nós passamos bem, com pratos e taças a preços razoáveis.

As mesas na parte de fora do misto de restaurante e loja de vinhos Foto: Marcio Fernandes|Estadão

A Vinoteca Paulistana tem cozinha criativa sem invencionices. Oferece comida fresca, feita na hora para poucas mesas, e preparada com boa técnica e ingredientes brasileiros. Têm destaque no cardápio os insumos que vêm do Norte. Por exemplo: o bom pirarucu, peixe de água doce servido em posta com purê de banana-da-terra; a farinha de uarini, que vira não tão apetitoso cuscuz com camarão e chuchu; o aviú (camarãozinho minúsculo comum em Belém), que empana o excelente camarão-rosa com tapioca; ou a farinha de piracuí, de peixe seco e ralado, que está no bom bolinho servido como entrada.

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Recomendo ainda, do curto cardápio, a espécie de pão de queijo, feito com tapioca e queijo canastra, que chega fumegante à mesa, e o polvo, um longo tentáculo não borrachudo. 

A galinhada, servida aos sábados, é o ponto alto e sai por R$ 39,90. Dá direito a salada e sobremesa, que mudam a cada vez. É servida empratada, depois de cozida em vinho tinto, o que dá vigor à carne, e vem com bem-feitos acompanhamentos, como quiabo e pirão. As sobremesas ficam um (uns?) degraus abaixo dos pratos salgados: muita espuma, pouca consistência e pouco sabor.

De entrada, entre as boas opções com ingredientes do Norte, o pão feito com tapioca e queijo canastra Foto: Marcio Fernandes|Estadão

O serviço é amigável, mas patina um pouco. A casa é bem pequena, o clima é informal. O negócio é virar a chave, o ritmo aqui é um pouco mais lento. Não espere agilidade nem grandes refinamentos. Espere, sim, comida inventiva, bem-feita, com preços acessíveis, e atendimento simpático – além de boas opções de vinho, sem os valores duplicados dos restaurantes que não estão dentro de lojas de vinhos. Acho que são motivos suficientes para nos fazer sair de casa e, quem sabe, até enfrentar os íngremes morros de Perdizes.

O lugar define a casa

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Aberta no fim do ano passado, a Vinoteca Paulistana Bistrô ocupa os fundos da loja de vinhos que lhe empresta o nome e tem no comando da cozinha Vanessa Alves. A chef participou do reality show de cozinha The Taste Brasil, do canal de TV a cabo GNT.

Caramão-rosa empanado com farinha de aviú e tapioca acompanhado de ótimo arroz de coco e creme de bobó Foto: Marcio Fernandes|Estadão

O MELHOR E O PIOR 

PROVE

A galinhada. Tudo tem o bom ponto de cozimento e tempero: a carne, o quiabo, o pirão, a couve.

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O camarão, empanado na tapioca, é talvez o melhor prato da casa, com um ótimo arroz de coco e creme de bobó.

O polvo. Macio, servido com um saboroso ragu de ossobuco, miniarroz e uva verde.

EVITE

O bife ancho. Com verduras tostadas, veio sem sal; carnes e vegetais estavam quase queimados.

Ir com pressa. A casa é pequena, os pratos podem demorar a chegar. Tome um vinho e relaxe.

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O polvo vem no ponto é servido com um saboroso ragu de ossobuco, miniarroz e uva verde Foto: Marcio Fernandes|Estadão

Estilo de cozinha: contemporânea, variada, com ingredientes brasileiros.Bom para: almoço no sábado, sem pressa; jantar em casal na semana. Acústica: no pequenino salão dos fundos, não chega a ser ruidoso – vaza pouco da cozinha. Vinho: trata-se de uma vinoteca – você anda pela loja e escolhe o que vai beber, paga o preço da loja e  é servido à mesa.Cerveja: 11 opções, entre convencionais e especiais. Nada mal para uma casa que é especializada em vinhos.Água e café: água míni a R$ 6 (caro!); Nespresso a R$ 5. Por que não servir uma água da casa?Preços: petiscos de R$ 19 a R$ 38; pratos de R$ 48 a R$ 79; sobremesas (R$ 18 e R$ 22). Galinhada aos sábados, R$ 39,90.Vou voltar? Sim. Bom programa, despretensioso. 

SERVIÇO 

Vinoteca Paulistana Bistrô  Rua Ministro Ferreira Alves, 54, Perdizes Tel.: 2305-3471 Horário de funcionamento: 19h/23h (sábado também das 12h/15h; fecha dom. e seg.) Não tem bicicletário Ciclorrota na própria rua Não tem valet (uma placa na frente diz que há convênio com estacionamento ao lado, mas não funciona)

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