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Restaurantes e Bares

Burger Joint abre em São Paulo fazendo barulho

Tirando o hype da filial da hamburgueria nova-iorquina, o que sobra?

Hambúrguer. Carne é suculenta, pão é bom, ingredientes são frescos, montagem é troncha. Foto: Alex Silva|EstadãoFoto: Alex Silva|Estadão

Um hambúrguer é um hambúrguer é um hambúrguer. Nada além de um hambúrguer. Você pode derreter uma lâmina de queijo no meio dele e então ele será um cheeseburguer. Você pode também salpicar umas camadas de hype e gourmetização sobre o sanduíche e então ele será um sucesso. Ou não.

Hambúrguer. Carne é suculenta, pão é bom, ingredientes são frescos, montagem é troncha. Foto: Alex Silva|Estadão

O Burger Joint abriu nesta semana na Rua Bela Cintra com barulho. É uma filial da hamburgueria nova-iorquina cujo grande chamariz é funcionar escondida dentro de um hotel chique. Numa parte bem turística de Manhattan, você adentra o Le Parker Meridien, hotelzão clean, e vê, num canto à esquerda, improvável fila multilíngue se alongar sobre o chão de mármore polido. Pessoas de todos os cantos do mundo, com suas câmeras, sacolas e ruídos, são magnetizadas por um luminoso néon em formato de hambúrguer. A sacada é boa: você segue o luminoso e uma seta e dá num salãozinho escuro, meio parado no tempo, cheio, com paredes pichadas. Parece cenário fake, e o é de certa forma, mas tem lá sua bossa. Só há uma opção de hambúrguer – você escolhe os recheios –, mais batata frita, milk shake, cerveja ou refrigerante. É um programa legal para turistas, o hambúrguer é bem bom e tem preço razoável para aquela região de Nova York. Metade da graça de comer lá está no ambiente.

Pois então, de volta aos Jardins, em São Paulo, o Burger Joint daqui já começa com metade da graça a menos. A lanchonete dá para a rua. O luminoso néon, reproduzido na porta de entrada, é o único sinal que indica que ali funciona a hamburgueria. Lá dentro, foram reproduzidas também as paredes de madeira, prontas para serem rabiscadas pelos clientes, que têm canetas à disposição. Pôsteres de cultura pop americana estão espalhados pelo salão. Se no original o clima tem um quê de cenário fake, aqui, na réplica, isso se repete – de forma talvez mais forte. 

O sanduíche é bom. Assim como na matriz, está mais para pequeno, feito numa grelha tipo charbroiler, com calhas que escorrem a gordura e simulam uma churrasqueira. O hambúrguer custa R$ 23; o cheeseburguer, R$ 25. Em Nova York, os preços são US$ 8,50 (R$ 30,80) e US$ 8,96 (R$ 32,50). O burger propriamente é bem-feito: a carne é compacta, mas não maciça, e tem boa liga; não se esfacela sozinha, mas se desfaz na boca. É bem suculento – até demais: a metade do pão que vai por baixo fica empapada nos sucos da carne, que embebem também o papel que envolve o sanduíche. Para mim, falta sal na carne, que tem um fundinho de gosto de fumaça. Sem mudar o preço, você pode acrescentar ingredientes frescos como alface, tomate, picles, cebola roxa e os industrializados ketchup (Heinz), mostarda (Dijon) e maionese (Hellman’s).   

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Salão emula o da matriz, em Nova York. Foto: Alex Silva|Estadão

A montagem do hambúrguer com os recheios é meio troncha. Alfaces e tomates arredios escorregam para fora do círculo delimitado pelo bom e macio pão. Mas isso acontece também no Burger Joint original. 

As batatas fritas parecem demais com as do McDonald’s. Pálidas, finas, crocantes por fora, têm textura interna quebradiça. O milk-shake é dulcíssimo, de sorvete Ben & Jerry’s. Tudo vem em embalagens descartáveis, você faz o pedido e retira no balcão.

O apetite paulistano por hambúrgueres parece insaciável e o prestígio da marca entre brasileiros (que sempre estão na fila em Nova York) devem fazer lotar o Burger Joint por aqui. Mas ao ponto, enfim: tire as camadas de hype e sobra um sanduíche gostoso.   

CONTEXTO

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O Burger Joint foi aberto em 2003 em Nova York. Em 2013 abriu filial na mesma cidade, no bairro Greenwich Village. Tem também filiais nos Emirados Árabes, em Dubai, na Coreia do Sul, em Seul e deve abrir em Cingapura. Os sócios da loja em São Paulo são donos de outra filial de restaurante de Nova York, o Bagatelle, e da padaria Santo Pão. Entre eles estão Guilherme Chueire e o ator Bruno Gagliasso. Uma nova unidade do Burger Joint em São Paulo está prevista para 13 de abril, dentro do Top Center, na Avenida Paulista. 

As batatas fritas parecem demais com as do McDonald’s. Foto: Alex Silva|Estadão

Estilo de cozinha: hamburgueria simples e rápida, com apenas uma opção de sanduíche.   Bom para: um lanche tardio ou almoço expresso com amigos.   Acústica: a música um pouco mais alta faz parte do clima da casa, mas os materiais do salão abafam bem a balbúrdia.  Vinho: não tem.  Cerveja: somente chope Heineken, a R$ 9. Hoje temos tantas cervejas especiais no mercado, gringas e brasileiras, elas não cairiam mal aqui.   Água e café: caros sócios do Burger Joint, inspirem-se na matriz! Além da água mineral de garrafinha a R$ 5, sirvam água filtrada de graça para os clientes. Não tem café.  Preços: hambúrguer, R$ 23; cheeseburguer, R$ 25; batata frita, R$ 9; milk shake, R$ 25.  Vou voltar? vou, sim. Não é o meu hambúrguer preferido da cidade, mas voltaria para comê-lo quando estiver ali por perto.

SERVIÇO

Burger Joint  Rua Bela Cintra, 2.116, Jardins Horário de funcionamento: 12h/23h (qua., 12h/0h; qui., sex. e sáb., 12h/1h) Ciclovia na R. Uruguai (a 400m). Não tem bicicletário Não tem serviço de valet

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